Felipe Samper, de 22 anos, atual campeão brasileiro e líder do ranking nacional da modalidade (Foto/Reprodução)
De 9 a 16 de agosto, a cidade de Muncie, no estado norte-americano de Indiana, recebe a principal competição internacional de acrobacias de precisão com aeronaves controladas por rádio: o Campeonato Mundial de Aeromodelismo F3A. A edição de 2025 contará com a presença de um representante de Uberaba, Felipe Samper, de 22 anos, atual campeão brasileiro e líder do ranking nacional da modalidade.
Felipe integra a equipe brasileira formada por três pilotos, todos mineiros. Além dele, competem Marcos Malloy, de Sete Lagoas, e César Rodrigues, de Belo Horizonte. O trio carrega o desafio de representar o país em um cenário onde o nível técnico é altíssimo, enfrentando adversários de potências tradicionais do aeromodelismo, como o Japão.
O JM conversou com o pai de Felipe, Rodrigo Batistuta Samper, também piloto e terceiro colocado no ranking nacional, que destacou o orgulho de ver o filho competindo entre os melhores do mundo. “Países como Japão e Estados Unidos investem pesado no esporte. Nossos pilotos vão com menos recursos, mas com muita garra. Tanto que o Felipe vai ganhar experiência e trazer esse know-how para aperfeiçoarmos nossa prática aqui no Brasil. É um orgulho enorme termos um uberabense no Mundial”, disse.
Segundo Rodrigo, que é presidente da Liga Uberabense de Aereomodelismo, entidade que congrega os praticantes do aereomodelismo na cidade, o F3A é considerado a “categoria nobre” do aeromodelismo, exigindo extrema precisão e disciplina. As provas consistem na execução, em voo, de uma sequência padronizada de manobras definida pela Federação Aeronáutica Internacional, repetida por todos os competidores, e avaliada por uma banca de juízes.
Apesar de lembrar as apresentações da Esquadrilha da Fumaça, o campeonato utiliza réplicas de aviões reais, com cerca de dois metros de comprimento, controladas por rádio e capazes de atingir 100 km/h. “O aeromodelo é elétrico, funciona com bateria de 42 volts e faz toda a sequência de manobras em cerca de sete minutos. Um pequeno ajuste errado já muda todo o voo. É um balé aéreo; um jogo de xadrez no ar”, explicou o pai do competidor uberabense.
A participação brasileira no Mundial é custeada quase totalmente pelos próprios competidores. A Confederação Brasileira de Aeromodelismo cobre apenas as taxas de inscrição, ficando a cargo dos pilotos todas as demais despesas, incluindo viagem, hospedagem, alimentação e transporte dos equipamentos. “São 20 dias fora, com todo o custo saindo do bolso dos atletas e das famílias. Em países onde o esporte é mais popular, há patrocínio de fabricantes e apoio governamental. Aqui, ainda dependemos muito de esforço próprio”, relatou Rodrigo.
Ainda assim, O Brasil tem tradição aeronáutica, sendo o berço de Alberto Santos Dumont, inventor do avião, e sede da Embraer, terceira maior fabricante de aeronaves do mundo. Uberaba, por sua vez, também tem seu histórico no aeromodelismo, com o piloto Carlos Hueb, qrepresentou o país em diversos campeonatos mundiais, tornando-se um nome de destaque nacional. Empresas uberabenses como Aileron Modelismo e Bluesky já fabricaram e ainda produzem modelos apreciados por praticantes brasileiros, chegando inclusive a exportar para outros países.
Agora, a torcida uberabense se volta para Felipe, que já está em Muncie ajustando seu equipamento e se ambientando às condições climáticas locais para a estreia. “Independentemente do resultado, já é uma conquista colocar o nome de Uberaba no cenário mundial do aeromodelismo”, conclui Rodrigo Samper.