Atraso, superlotação, falta de urbanidade. Problemas na prestação de serviço das empresas de transporte coletivo da cidade têm feito com que muitos uberabenses optem por meios de locomoção alternativos. O professor universitário Gilberto Rodrigues do Amaral, por exemplo, deixou de andar de ônibus há quase quatro meses. “O transporte coletivo deixa muito a desejar, mas vivemos tempos em que as pessoas estão mais conscientes de seu papel ambiental”, afirma. Acrescenta que, depois de manter a bicicleta guardada por sete anos, resolveu tirá-la do armário e percorrer os cerca de dois quilômetros entre sua casa e a universidade. “Se o transporte funcionasse efetivamente, iria ser muito melhor para o meio ambiente e para o trânsito também”, completa. Outro fator que vem contribuindo para a redução no número de passageiros nos coletivos é a facilidade para a compra do veículo próprio. Segundo o gerente de vendas de concessionária localizada na avenida Leopoldino de Oliveira, João Carlos Franco, o ano de 2009 foi um dos melhores para a venda de carros na cidade. “Se antes nossas campanhas e peças publicitárias eram voltadas para as classes A e B, hoje já ampliamos o foco, graças aos megaparcelamentos e facilidades de financiamento”, garante. Entre as motocicletas, a situação é mais facilmente observada. Com preços menores e prazos maiores, o transporte por motos tornou-se uma das alternativas preferidas de quem quer fugir dos ônibus coletivos. “E a gente acaba gastando até menos. Antes, eu ia de ônibus para o trabalho e meu filho para a escola. Quer dizer, na época, eram quase R$ 8 diários. Hoje, com R$ 8 eu abasteço a moto, levo ele à escola e vou ao trabalho durante uma semana inteira”, explica. Nas concessionárias e revendedoras de motos, já é possível financiar um veículo em até 40 vezes. “Eu pago R$ 120 por mês e acredito que é compensatório”, finaliza. Na contramão da tendência, o diretor de Trânsito e Transporte da Prefeitura, Claudinei Nunes, afirmou que o número de usuários que, em dias úteis fica perto de 70 mil pessoas, não apresenta queda significativa há muitos anos. “Somente no período de férias o fluxo cai em 30%, mas em períodos normais não registramos diminuição”, afirma.