“Foi um futebol diferente do habitual. A Bolívia tinha um objetivo enorme e conseguiu” (Foto/Rafael Ribeiro/CBF)
A noite em El Alto marcou um episódio inédito na longa trajetória de Carlo Ancelotti. Pela primeira vez, o treinador italiano dirigiu uma equipe em um jogo oficial disputado a mais de quatro mil metros acima do nível do mar. O cenário, no entanto, não trouxe boas lembranças: o Brasil perdeu por 1 a 0 para a Bolívia, na última rodada das Eliminatórias Sul-Americanas.
O gol boliviano nasceu de um pênalti confirmado após revisão do VAR. A decisão revoltou a comissão técnica brasileira e foi tema central da entrevista coletiva do comandante. Segundo Ancelotti, a tecnologia teve papel excessivo no resultado.
“O árbitro deveria assumir o controle. Hoje quem decidiu foi o VAR. Isso altera a essência do jogo”, declarou o técnico, visivelmente incomodado.
Ele também fez questão de destacar o peso do ambiente. Para o treinador, a atmosfera de estádio cheio, aliada ao simbolismo da altitude, fez da partida um verdadeiro teste de resistência. “Foi um futebol diferente do habitual. A Bolívia tinha um objetivo enorme e conseguiu. Mérito deles. Mas os oficiais de campo e de vídeo precisam controlar melhor a situação”, completou.
Ainda no intervalo, membros da comissão brasileira se dirigiram ao trio de arbitragem, liderado pelo chileno Cristian Garay, para contestar a marcação que colocou os anfitriões em vantagem. O clima de tensão permaneceu até o apito final.
Mesmo diante da derrota, Ancelotti não demonstrou pessimismo em relação ao futuro da Seleção. Ao contrário, reforçou a confiança no elenco e projetou uma participação sólida no Mundial.
“O desempenho ao longo da competição me deixa seguro. Esse grupo tem qualidade e determinação para disputar uma grande Copa. Vamos competir em alto nível”, afirmou o técnico.
O revés diante dos bolivianos encerra a campanha classificatória do Brasil em quinto lugar, com vaga direta assegurada. Já a Bolívia celebrou o resultado como um feito histórico: além de vencer a Seleção, conquistou lugar na repescagem intercontinental, mantendo vivo o sonho de disputar a Copa do Mundo.