O documento foi entregue ao presidente Mário Bittencourt pelo empresário Carlos de Barros, sócio da Lazuli Partners (Foto/Instagram)
O Fluminense vive um momento de virada institucional. O clube carioca recebeu nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro, uma proposta formal para a criação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O documento foi entregue ao presidente Mário Bittencourt pelo empresário Carlos de Barros, sócio da Lazuli Partners e da LZ Sports. Também esteve presente Alessandro Farkuh, executivo do BTG Pactual responsável pela área de Fusões e Aquisições.
O encontro, realizado na sede do clube, marcou a primeira apresentação oficial de um modelo de SAF construído sob medida para o Fluminense. A proposta será levada ao Conselho Deliberativo, em reunião agendada para esta noite, com transmissão pela FluTV. A sessão, porém, terá caráter apenas informativo, sem votação imediata, servindo como etapa inicial de análise para os conselheiros.
Segundo a direção, a prioridade não é apenas captar recursos, mas fortalecer a competitividade esportiva da equipe. O texto entregue aos dirigentes prevê aportes financeiros significativos, tanto em contratações quanto em infraestrutura, especialmente nos primeiros anos de implantação da SAF. O objetivo é assegurar que o rendimento em campo esteja no centro da transformação.
Em declaração oficial, o presidente Mário Bittencourt reforçou a dimensão histórica do momento. “Vamos conduzir esse processo com total responsabilidade. O Fluminense pertence à sua torcida, e qualquer mudança precisa respeitar a vontade e os interesses dos tricolores. O Conselho terá papel fundamental nessa decisão”, afirmou o dirigente.
Os proponentes também destacaram o caráter pioneiro do projeto. Alessandro Farkuh ressaltou que o modelo foi construído após três anos de estudos e promete ser um marco no futebol brasileiro. Para ele, o Fluminense tem a chance de liderar uma nova etapa de profissionalização dos clubes.
Já Carlos de Barros celebrou a união de investidores tricolores em torno da proposta. “Estamos orgulhosos de reunir um grupo comprometido em oferecer suporte financeiro robusto. O Fluminense poderá competir em condições condizentes com sua tradição e com a expectativa legítima de sua torcida”, disse.
Caso avance, a iniciativa pode alterar profundamente o funcionamento do clube. A SAF representaria uma divisão entre a parte social e a parte futebol, garantindo maior clareza na gestão, maior possibilidade de atração de patrocinadores e condições de equilibrar dívidas históricas.
O caminho até a aprovação, no entanto, ainda é longo. O Conselho Deliberativo será o primeiro a analisar os termos do documento. Caso receba sinal verde, a proposta será submetida posteriormente a votação dos associados, em assembleia geral. Só então o Fluminense poderá dar início à transformação formal em SAF.
A discussão ocorre em meio a um cenário em que outros grandes clubes brasileiros já optaram por esse modelo, como Botafogo, Cruzeiro e Vasco. O Fluminense, entretanto, busca uma formatação própria, que una profissionalização administrativa e manutenção da identidade tricolor.
O processo ainda é inicial, mas já desperta debate interno e divide opiniões entre dirigentes e torcedores. Parte vê a SAF como saída para modernizar e recuperar o clube financeiramente. Outra parte teme perda de autonomia e mudanças na relação histórica com os sócios.
Independentemente da decisão final, o dia 8 de setembro de 2025 ficará marcado como o início de uma discussão que pode redesenhar o futuro do Fluminense.