O volante Jean Lucas, do Bahia vem chamando a atenção da comissão técnica (Foto/Instagram do atleta)
A Seleção Brasileira se prepara para encerrar a trajetória nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026 com um desafio particular: enfrentar a Bolívia na altitude de El Alto, a mais de 4 mil metros acima do nível do mar. O confronto acontece nesta terça-feira, às 20h30, e marca o último compromisso do Brasil antes da definição oficial dos classificados.
Embora o time já tenha garantido vaga no Mundial com antecedência, o técnico Carlo Ancelotti pretende aproveitar o jogo para realizar testes. A ideia do treinador é observar novas peças, modificar a estrutura de meio-campo e avaliar alternativas táticas que possam ser úteis no futuro. Segundo ele, a altitude exige ajustes na estratégia e, ao mesmo tempo, abre espaço para dar minutos a jogadores menos utilizados.
Sem poder contar com Casemiro, suspenso, Ancelotti estuda novas formações. O italiano deixou claro que não busca um substituto com características idênticas, mas uma solução que mantenha o equilíbrio da equipe. Nomes como Andrey Santos e Bruno Guimarães estão cotados para iniciar, mas a grande novidade pode ser o volante Jean Lucas, do Bahia, que vem chamando a atenção da comissão técnica.
Para o treinador, o momento é ideal para mesclar experiência e juventude. A classificação antecipada dá tranquilidade, mas o objetivo é manter intensidade e competitividade, evitando que o time entre em campo apenas para cumprir tabela. "Precisamos testar, mas também precisamos competir. Não existe amistoso em Eliminatórias", teria dito a membros da delegação.
O adversário, por sua vez, joga a vida. A Bolívia soma 17 pontos em 17 jogos e ainda sonha com a repescagem intercontinental. O fator casa e a altitude são os trunfos dos bolivianos, que se apoiam na tradição de complicar a vida de visitantes em La Paz e El Alto. A torcida promete empurrar a seleção até o fim, ciente de que um triunfo pode mantê-la viva na luta pela vaga.
Do lado brasileiro, a confiança é grande. A campanha de 28 pontos até aqui mostra regularidade, mesmo com tropeços pontuais. A vitória sobre o Chile na rodada anterior trouxe moral e deu a Ancelotti a chance de rodar o elenco. A expectativa é de que nomes como Vinícius Júnior e Rodrygo tenham nova oportunidade de brilho, enquanto outros poderão ser preservados em função do desgaste físico.
Nos bastidores, a CBF trata o jogo como parte de um ciclo de preparação. Além da classificação já assegurada, a comissão técnica quer utilizar o ambiente adverso da altitude como laboratório, simulando condições extremas que podem aparecer em fases futuras do Mundial. O desempenho coletivo será observado com lupa, independentemente do resultado final.
A partida contra a Bolívia, portanto, transcende a simples soma de pontos. Para os anfitriões, significa sobrevivência. Para o Brasil, representa aprendizado, renovação e manutenção do espírito competitivo. No apito inicial, estarão em campo não apenas dois times, mas duas histórias distintas: uma em busca da sobrevivência e outra focada em evolução rumo à Copa.
Com isso, o duelo em El Alto promete mais do que um simples fechamento de campanha. Será um retrato de dois momentos do futebol sul-americano: a luta desesperada de quem ainda sonha e a serenidade de quem já está garantido, mas não abre mão de se reinventar.