E AGORA FLU?

SAF do Fluminense: R$ 6,9 bilhões em promessa e R$ 500 milhões de realidade

Publicado em 20/09/2025 às 08:32
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Fluminense negocia futuro em meio a cifras bilionárias e incertezas (Foto/GPT)

Fluminense negocia futuro em meio a cifras bilionárias e incertezas (Foto/GPT)

O Fluminense está diante de uma decisão histórica: a possível criação de sua SAF (Sociedade Anônima do Futebol). A proposta, conduzida pelo grupo LZ Sports em parceria com o BTG, apresenta um número chamativo — R$ 6,9 bilhões — mas que precisa ser interpretado com cuidado.

À primeira vista, o valor parece transformar o clube em um dos mais ricos do país. Porém, ao destrinchar os dados, percebe-se que grande parte do montante não significa investimento direto e imediato. A maior fatia, de R$ 4,6 bilhões, corresponde a salários do elenco e da comissão técnica durante os próximos dez anos, algo que o clube já teria de pagar em qualquer cenário.

Além disso, o documento prevê R$ 359 milhões destinados às categorias de base e R$ 143 milhões em royalties para a associação civil, que continuará existindo e administrando esportes olímpicos e sociais. Esses valores, embora importantes, são gastos correntes e não dinheiro novo no caixa.

Os investimentos efetivos estão em patamares mais modestos. O projeto inclui R$ 1,14 bilhão para reforços no futebol profissional e R$ 84 milhões para melhorias em infraestrutura, como centros de treinamento e estruturas de Xerém. Mas o item considerado mais relevante é o aporte de R$ 500 milhões — verba que será injetada diretamente pelos investidores e que não depende das receitas futuras da SAF.

Esse aporte inicial pode garantir fôlego imediato para organizar o caixa, pagar compromissos urgentes e criar condições para o clube ser competitivo. O restante será financiado com as próprias receitas da SAF, oriundas de direitos de TV, bilheteria, patrocínios, sócio-torcedor e vendas de jogadores.

Outro ponto central é a dívida atual. O Fluminense admite um passivo líquido de R$ 871 milhões. Esse valor será transferido para a SAF, que passará a administrá-lo. Em troca, os investidores assumirão 66% da nova empresa, enquanto a associação ficará com 34%. A participação pode variar de acordo com a oscilação da dívida até a assinatura do contrato.

Na prática, o futebol tricolor está sendo vendido pelo valor de sua dívida. Para a associação, isso representa alívio imediato e a possibilidade de se concentrar em outras áreas, sem o peso das cobranças financeiras. Para os investidores, é a chance de controlar uma marca tradicional, com enorme torcida e potencial de crescimento.

A grande questão é que o número “6,9 bilhões” funciona mais como argumento político e de marketing do que como realidade financeira. A maioria das cifras é apenas uma projeção de gastos que já aconteceriam. O que realmente pode transformar o clube é a governança, a capacidade de atrair novos patrocinadores e de negociar atletas com inteligência.

Experiências recentes mostram que a mudança de modelo por si só não garante títulos. Botafogo, Cruzeiro e Vasco ainda enfrentam dificuldades, mesmo como SAFs. Mas também evidenciam que, sem investidores, muitos clubes não teriam sobrevivido.

No caso do Fluminense, que viveu três décadas de crises recorrentes, atrasos salariais e problemas administrativos, a SAF surge mais como necessidade do que como escolha. A pergunta que fica é: o torcedor tricolor está disposto a aceitar a perda de controle majoritário para ter a chance de ver seu clube respirar novamente?

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