
Caso Ninho do Urubu volta à Justiça após recurso do MP-RJ contra absolvição (Foto/Tomaz Silva/Agência Brasil)
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) apresentou recurso contra a decisão que absolveu os réus do incêndio no Ninho do Urubu, tragédia que matou dez jovens atletas das categorias de base do Flamengo em fevereiro de 2019. O pedido de reconsideração foi protocolado na última sexta-feira (24) na 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital.
Na semana passada, o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) havia inocentado sete acusados que ainda respondiam ao processo. A decisão, assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, apontou ausência de provas que relacionassem diretamente a conduta de cada réu à causa do incêndio.
Segundo o magistrado, não houve comprovação de responsabilidade técnica ou omissão específica por parte dos acusados, e a denúncia apresentada pelo MP teria caráter “genérico”, sem detalhar a participação individual de cada um. O juiz também questionou a perícia que apontava o ar-condicionado como ponto inicial do fogo, afirmando não haver elementos conclusivos sobre falha de instalação ou defeito do equipamento.
O Ministério Público, contudo, discorda da avaliação e pretende sustentar que houve negligência na gestão das instalações e falhas de segurança que poderiam ter evitado a tragédia. Antes do julgamento em segunda instância, as defesas dos réus ainda poderão se manifestar.
O incêndio no alojamento do Ninho do Urubu ocorreu em 8 de fevereiro de 2019 e vitimou os jovens Christian Esmério, Bernardo Pisetta, Arthur Vinícius, Athila Paixão, Rykelmo, Jorge Eduardo, Pablo Henrique, Samuel Thomas, Vitor Isaías e Gedson Santos, com idades entre 14 e 17 anos.
Após a absolvição, a Associação dos Familiares das Vítimas do Incêndio (Afavinu) divulgou nota de repúdio, classificando a sentença como “uma afronta à memória dos garotos e ao sentimento de justiça de toda a sociedade”.
Entre os absolvidos estão Antonio Marcio Mongelli Garotti (diretor financeiro do Flamengo), Marcelo Maia de Sá (diretor adjunto de patrimônio), e cinco engenheiros ligados à empresa NHJ, responsável pela instalação dos contêineres usados como alojamento. O ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello havia sido retirado do processo em fevereiro, após o caso prescrever por causa de sua idade superior a 70 anos.
Embora o processo criminal tenha sido temporariamente encerrado, outras ações continuam em andamento, incluindo a trabalhista que já condenou o Flamengo a indenizar um ex-funcionário envolvido no resgate das vítimas.