ECONOMIA

Brasil e EUA travam disputa pelo etanol, mas futuro pede parceria global, diz presidente da Siamig

Com pegada de carbono menor, etanol brasileiro busca protagonismo frente aos EUA

Joanna Prata
Publicado em 05/09/2025 às 10:49
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Todo o Brasil está de olho na queda de braços entre Estados Unidos e Brasil. Ideologias à parte, a economia certamente será afetada pela discordância entre as nações. Em entrevista à Rádio JM, o presidente da Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais), Mário Campos, defendeu que os dois paísses, que hoje são os maiores produtores mundiais de etanol, devem buscar uma atuação conjunta para ampliar o consumo global do biocombustível. Segundo ele, a disputa comercial recente, marcada por sobretaxas americanas, não deve afastar os dois países, mas sim incentivá-los a construir uma agenda internacional voltada para a descarbonização dos transportes. 

Campos destacou que a sobretaxa imposta pelo governo dos EUA ao etanol brasileiro é um reflexo de pressões internas do setor produtivo americano, que enfrenta excesso de oferta. “Os Estados Unidos têm um excedente exportável de cerca de 7 bilhões de litros, e querem inserir esse produto no mercado brasileiro. Mas aqui temos uma tarifa padrão de 18% para qualquer etanol importado, sem qualquer tipo de discriminação”, afirmou. Ele reforçou que o Brasil tem um mercado equilibrado e crescente, e não pode ser tratado como um destino natural para o escoamento do etanol de milho norte-americano. 

Apesar da tensão comercial, o presidente da Siamig foi enfático ao afirmar que o etanol brasileiro possui vantagens competitivas importantes. “A molécula é a mesma, mas a diferença está na pegada de carbono. O etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil tem uma emissão muito menor que o americano, feito a partir do milho e, muitas vezes, com uso de combustíveis fósseis no processo industrial”, explicou. Essa vantagem torna o produto brasileiro mais atrativo em um mercado que busca alternativas sustentáveis, especialmente no setor de aviação (SAF) e transporte marítimo. 

Segundo Campos, o Brasil está prestes a se tornar também um exportador competitivo de etanol de milho, com 30% da produção nacional já vinda desse insumo. Ainda assim, a produção nacional mantém um diferencial: o uso de biomassa como fonte energética, o que amplia a sustentabilidade do processo. “Enquanto lá se usa gás natural, aqui aproveitamos o bagaço da cana e outras biomassas. Isso faz toda a diferença na análise ambiental do produto”, afirmou. 

Para o líder, a competição direta entre os dois países pode ser prejudicial num momento em que o mundo precisa de alternativas ao petróleo. “Brasil e Estados Unidos precisam parar de olhar para o mercado um do outro e começar a construir um mercado global para o etanol. Juntos, podemos liderar uma revolução verde no setor de transportes”, avaliou Mário Campos. Ele citou como exemplo o avanço de legislações que exigem redução da pegada de carbono em frotas aéreas e marítimas, espaços onde o etanol pode ganhar protagonismo. 

A fala do presidente da Siamig reforça o papel estratégico do etanol brasileiro, especialmente diante da crescente demanda por combustíveis renováveis. Com uma matriz energética mais limpa, capacidade produtiva em expansão e potencial para novos mercados, o Brasil se posiciona como protagonista na transição energética global — e, ao que tudo indica, a disputa com os EUA poderá se transformar em uma parceria para conquistar o mundo.

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