Neste sábado (27), o Brasil celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma data marcada pela reflexão sobre solidariedade e pela importância de transformar a dor em esperança para quem aguarda por um transplante. Mas para falar dessa data, 'voltaremos alguns dias no tempo'.
No Hospital Municipal de Contagem, um caso recente ilustra de forma marcante como a vida pode renascer mesmo diante da tragédia. Trata-se da história de Bruno Franklin Farias, de 43 anos, que faleceu no último dia 9 de setembro e teve seus órgãos doados.
Solidariedade traz esperança e 'mantém Bruno vivo'
Bruno sofreu um grave acidente de carro na BR-040, próximo ao Ceasa, quando sua caminhonete colidiu na traseira de uma carreta. Levado em estado crítico para o CTI do Hospital Municipal de Contagem, ele foi entubado e passou por todos os procedimentos possíveis para tentar salvar sua vida.
No entanto, após exames que confirmaram a morte encefálica, a luta dos médicos deu lugar a um novo gesto de solidariedade: a preservação de seus órgãos para doação.
A decisão partiu da esposa de Bruno, Raphaela de Miranda Farias, de 41 anos, que contou com o apoio de toda a família, em meio ao luto. “Foi um gesto de humanidade. Quero que nossas filhas saibam, no futuro, que o pai delas continua vivendo em outras pessoas”, disse a recém viúva emocionada ao explicar o motivo de sua escolha.
A retirada dos órgãos ocorreu no dia 11 de setembro, permitindo que cinco pacientes que aguardavam ansiosamente por uma chance pudessem ter suas vidas transformadas. Ao todo, Bruno doou cinco órgãos: as duas córneas, os dois rins e o fígado.
O papel do Hospital Municipal de Contagem
Por falar do Hospital Municipal de Contagem, no local, desde 2019 é realizada captações de órgãos. Neste período, no local, já foram contabilizados 159 doadores, mesmo com a interrupção durante os três anos mais críticos da pandemia de Covid-19, a instituição vem se consolidando como referência no trabalho de doação e transplante.
Neste ano, foram registradas 24 doações: 13 delas de múltiplos órgãos, de pacientes internados com órgãos em boas condições, e 11 de doadores individuais. Todo o processo é conduzido em parceria com a Central Estadual de Transplantes e o MG Transplantes, que fazem a destinação dos órgãos para os pacientes na fila de espera.
A médica Luiza Melo e a enfermeira Cynthia Oliveira, integrantes da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), explicam que a doação só acontece com autorização da família, já que anotações em documentos pessoais, como a carteira de identidade, não têm validade legal.
Para elas, a conscientização ainda é o maior desafio. “Falta divulgação, falta solidariedade. A doação não salva apenas um paciente, mas devolve a chance de vida normal a muitos outros”, ressalta Cynthia.
A importância da conscientização
Neste Dia Nacional da Doação de Órgãos, os profissionais de saúde reforçam o apelo para que mais famílias façam parte desse gesto de amor. O hospital também retomou recentemente a retirada de pulmões para transplante, suspensa desde a pandemia, e todos os órgãos captados são encaminhados para o Hospital das Clínicas.
“Nem todo fim precisa ser um ponto final. Pode ser uma vírgula que prolonga a vida em outros corpos”, resume a médica Luiza, lembrando que cada decisão de doar representa um futuro possível para quem espera na fila.
Saiba quais órgãos que podem ser doados:
Fonte: O Tempo.