Pesquisa analisou DNA, sangue, fezes e microbioma intestinal da espanhola Maria Branyas
Maria Branyas morreu em 2024 aos 117 anos (Foto/Reprodução/Guinnes World Records)
Cientistas identificaram características genéticas e biológicas que podem explicar a longevidade excepcional de Maria Branyas, considerada a pessoa mais velha do mundo até seu falecimento, aos 117 anos.
A pesquisa, publicada na revista "Cell Reports Medicine", analisou amostras de DNA, sangue, fezes e microbioma intestinal de Maria Branyas para compreender os mecanismos que permitiram que ela alcançasse uma idade tão avançada mantendo boa condição de saúde.
A partir da análise, os cientistas descobriram que Maria possuía variantes genéticas raras que ofereciam proteção contra doenças típicas do envelhecimento, como problemas cardíacos e câncer.
Um dos achados mais relevantes foi que a "idade biológica" de Maria era significativamente menor que sua idade cronológica, apesar de apresentar sinais normais de envelhecimento celular. Os pesquisadores também identificaram níveis reduzidos de marcadores inflamatórios, comumente elevados em pessoas idosas.
O microbioma intestinal da centenária apresentava características similares às de pessoas décadas mais jovens, com abundância de bactérias benéficas. A pesquisa também destaca que a combinação de genes raros protetores e a presença de bactérias "boas" no intestino pode ter sido fundamental para que Maria vivesse tanto tempo com qualidade de vida.
Os cientistas observaram quantidades significativas de Bifidobacterium no intestino da espanhola, bactérias conhecidas por auxiliar na digestão e na proteção do organismo. Essas características foram comparadas com dados de pessoas mais jovens e outros idosos longevos.
Vale ressaltar que Maria Branyas permaneceu lúcida até seus últimos dias, apesar de ter enfrentado Covid-19 e apresentar algumas limitações auditivas e motoras. A mulher caucasiana de origem espanhola faleceu em 19 de agosto de 2024.
Os pesquisadores reconhecem que, por se tratar de um estudo de caso único com uma pessoa extraordinária, não é possível generalizar os resultados para toda a população. Ainda não se sabe se as características encontradas em Maria Branyas podem ser desenvolvidas ou estimuladas em outras pessoas.
A partir desta pesquisa, os cientistas pretendem aprofundar os estudos sobre genes, metabolismo e microbioma intestinal como possíveis caminhos para o desenvolvimento de novas terapias que promovam um envelhecimento mais saudável.
Fonte: O Tempo.