Mata Atlântica: autuação de áreas desmatadas cresce 123% em um ano em Minas Gerais

As autuações das áreas desmatadas da Mata Atlântica em Minas Gerais cresceram 123% em um ano. É o que aponta o balanço da operação Mata Atlântica em Pé 2025, considerada uma das principais ações de combate ao desmatamento no Brasil. Mais de R$ 26 milhões foram aplicados em multas. O balanço das atividades fiscalizadoras foi divulgado nesta sexta-feira (26/9).

Em Minas Gerais, 4.206,70 hectares – o equivalente a 590 campos do estádio Mineirão – foram autuados. As áreas desmatadas fiscalizadas in loco aumentaram em 123% em relação ao ano anterior, visto que em 2024 foram 2.854 hectares. Neste ano, foram apreendidos uma escavadeira, uma carregadeira e duas motosserras. Duas pessoas foram presas em flagrante.

A ação fiscalizadora se concentrou em 100 áreas nos Vales do Mucuri e Jequitinhonha. "Minas Gerais é o estado que sempre se destaca, por um lado, pelo negativo, pela continuidade do desmatamento da Mata Atlântica em índices mais altos, mas pelo lado positivo de articulações dos órgãos de fiscalização do Ministério Público na resposta a esses ilícitos", afirmou Alexandre Gaio, promotor de justiça do Ministério Público do Paraná (MPPR) e diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa).

A operação teve início em 21 de setembro e se estendeu até a manhã desta sexta em Minas. O subcomandante do Batalhão de Meio Ambiente, major Jader Augusto, conta como foi a participação da Polícia Militar. "Demos poder de polícia para os fiscais da Semad e do Ibama para que eles autuassem os crimes ambientais identificados. Os nossos policiais flagraram dois crimes em flagrante delito, e fizemos a prisão de dois autores, além dos maquinários".

A criação de gado está entre as atividades ilegais praticadas pelos infratores nas áreas de Minas Gerais, conforme elenca o coordenador das Promotorias de Meio Ambiente dos Vales Jequitinhonha e Mucuri, Rauali Kind Mascarenhas. "Pessoas de Minas Gerais e de outros estados vão para essas regiões e fazem o desmate para criação de gado, atividade de silvicultura, e isso gera maiores vulnerabilidades para a população local, pois há alteração climática com a supressão de vegetação e sequer há retorno financeiro para a população. É uma crise de duas perdas: da qualidade ambiental e dos valores que saem dali".

Em Minas Gerais, a operação foi realizada pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Meio Ambiente (Caoma) do MPMG, em parceria com a unidade regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Polícia Militar Ambiental e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).  

Balanço nacional

Além de Minas Gerais, a operação Mata Atlântica em Pé 2025 foi realizada em outros 16 estados brasileiros, sendo oito da região Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), quatro do Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo), três da região Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e dois do Centro-Oeste (Goiás e Mato Grosso do Sul).

Para Gaio, “a articulação e integração entre diferentes órgãos de fiscalização, sociedade civil e Ministério Público têm contribuído decisivamente para a proteção, conservação e recuperação do bioma, e para o enfrentamento das mudanças climáticas”. 

Confira os números da operação no Brasil*: 

*Resultado parcial (sem dados da BA, RN, AL e SP) 

Fonte: O Tempo.