Jaguar começou a carreira em 1952, enquanto trabalhava no Banco do Brasil, quando publicou um desenho na coluna de humor Penúltima Hora, do jornal Última Hora (RJ) (Foto/Reprodução)
O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido como Jaguar, morreu neste domingo (24), no Rio de Janeiro, aos 93 anos. O artista estava internado no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, em razão de uma infecção respiratória que evoluiu para complicações renais. Nos últimos dias, recebia cuidados paliativos.
Em nota oficial, o hospital lamentou a perda:
"O Hospital Copa D’Or informa, com pesar, o falecimento do Sr. Sérgio de Magalhães Jaguaribe, conhecido como Jaguar, aos 93 anos, na tarde deste domingo. O paciente se encontrava internado em razão de uma infecção respiratória, que evoluiu com complicações renais. Nos últimos dias, estava sob cuidados paliativos. O hospital se solidariza com a família, amigos e fãs por essa irreparável perda para a cultura brasileira".
Dono de um traço inconfundível e de humor corrosivo, Jaguar foi um dos nomes mais influentes do cartum nacional. Sua irreverência se refletia até mesmo na maneira como falava sobre a morte. Em entrevista concedida à Folha de S.Paulo em 2003, ao completar 80 anos, disse querer que suas cinzas fossem espalhadas pelos bares do Rio que frequentava. Em outra ocasião, ironizou:
"Sempre disse que quero ser cremado, mas não tenho essa coisa poética de querer que minhas cinzas sejam espargidas no mar ou debaixo de um carvalho que meu avô plantou. Não, pega as cinzas, joga no vaso sanitário e puxa a descarga. Morreu, acabou."
Jaguar começou a carreira em 1952, enquanto trabalhava no Banco do Brasil, quando publicou um desenho na coluna de humor Penúltima Hora, do jornal Última Hora (RJ). Depois, passou a colaborar com a revista Manchete. O pseudônimo que o consagrou foi sugestão do cartunista Borjalo.
Em 1969, tornou-se um dos fundadores de O Pasquim, semanário que se tornaria símbolo da resistência cultural à ditadura militar. Foi nesse período que criou o personagem Sig, um ratinho que se tornou mascote do jornal e ícone do humor crítico da época. O artista chegou a ser preso e a responder a processos durante o regime.
A morte de Jaguar repercutiu imediatamente entre colegas de profissão e admiradores. O cartunista Angeli afirmou que ele foi o “maior” e merece todas as reverências pelo legado deixado.
“Dono do traço mais rebelde do cartum brasileiro. Seguimos aqui com sua bênção”, escreveu nas redes sociais.
Laerte Coutinho o chamou de “mestre querido”, enquanto Allan Sieber lembrou que Jaguar chegou a editar um de seus livros, Assim rasteja a humanidade. O chargista Genildo Ronchi ressaltou a dimensão internacional da importância do artista. Já Chico Caruso, em entrevista à TV Globo, classificou a morte como “uma perda irreparável para o humor e para o Brasil”.