Presidentes do Brasil e dos EUA estarão na Malásia para a cúpula da Asean, nos dias 26 e 27 de outubro e podem ter primeiro encontro oficial
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja nesta terça-feira (21) para a Indonésia e, em seguida, para a Malásia, e reservou o próximo domingo (26/10) para conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na ocasião, os dois líderes estarão na Malásia para a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur, nos dias 26 e 27 de outubro.
O Itamaraty confirmou que há possibilidade de um encontro rápido e simbólico, para mostrar a boa relação entre Brasil e Estados Unidos. Em relação às negociações sobre as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, a expectativa é de que avancem entre o grupo de trabalho dos dois países.
Na quinta-feira (16/10), o chanceler Mauro Vieira se reuniu com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, na Casa Branca, em Washington, capital dos Estados Unidos.
Em declaração a imprensa, logo após o encontro, Mauro Vieira afirmou que o diálogo foi "muito produtivo". Sem detalhar o teor da conversa, ele confirmou que o Brasil apresentou a “necessidade de reversão das medidas iniciadas em julho”, ou seja, as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros e as sanções contra autoridades brasileiras.
A partir de agora, as equipes dos dois países estabeleceram um cronograma de negociação e devem realizar uma reunião técnica, de forma virtual, nos próximos dias. Vieira também reforçou que será definida uma data para o encontro de Lula com Trump.
"Ambas as partes também concordaram em trabalhar conjuntamente pela realização de reunião entre o presidente Trump e o presidente Lula na primeira oportunidade possível", diz trecho da nota conjunta divulgada pelo Brasil e pelos EUA, após o encontro.
Entenda a tensão nas relações entre Brasil e EUA
Em julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% aos produtos brasileiros importados. Em carta enviada ao presidente Lula, Trump citou nominalmente Bolsonaro e disse que o ex-presidente sofre uma "caça às bruxas".
O norte-americano também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e atacou as decisões da Corte contra plataformas digitais que não cumprem a legislação brasileira - a exemplo de Rumble e X, que são norte-americanas.
Desde então, o governo brasileiro buscava autoridades dos EUA para negociar, sem sucesso. A mudança nas relações ocorreu na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em 23 de setembro, após um breve encontro nos bastidores. Em seu discurso, Trump relatou que teve uma "química boa" entre ele e Lula e que os dois combinaram de se encontrar.
No dia 6 de outubro, Lula e Trump conversaram por telefone e reafirmaram o compromisso de um encontro presencial em breve. De acordo com o Palácio do Planalto, na ligação, o petista descreveu o contato na ONU como uma oportunidade para a “restauração” das relações entre Brasil e EUA, citou o fato de os Estados Unidos terem superávit nas relações comerciais com o Brasil e pediu que Trump retire a tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras, além das sanções aplicadas a autoridades do país.
Lula pode abordar questão da Venezuela no encontro
Um dos assuntos que pode ser tratado entre Lula e Trump é a escalada de tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela. Nesta segunda-feira (20/10), o presidente brasileiro afirmou que “intervenções estrangeiras” na América Latina podem causar grandes danos na região.
Durante a cerimônia de entrega de credenciais a novos embaixadores estrangeiros no país, no Palácio do Itamaraty, Lula não chegou a citar nominalmente os EUA e a Venezuela, mas falou em “momento de crescente polarização e instabilidade”.
"Na América Latina e Caribe, também vivemos um momento de crescente polarização e instabilidade. Manter a região como zona de paz é nossa prioridade. Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar", disse.
Fonte: O Tempo.