CLIMA RUIM

Países pedem retirada de eventos da COP30 de Belém por causa dos preços abusivos em hotéis

Diárias chegam a custar mais de R$ 10 mil, o equivalente a até 15 vezes mais do que o normal; ONU fez reunião de emergência para discutir a questão

Renato Alves/O Tempo
Publicado em 01/08/2025 às 11:26
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O Mercado Ver-o-Peso, cartão postal de Belém, foi restaurado para aCOP30, mas faltam leitos para receber participantes da cúpula do clima e preços de diárias são exorbitantes (Foto/Paulo Campos)

O Mercado Ver-o-Peso, cartão postal de Belém, foi restaurado para aCOP30, mas faltam leitos para receber participantes da cúpula do clima e preços de diárias são exorbitantes (Foto/Paulo Campos)

Tem crescido a pressão de países estrangeiros para tirar a COP30 de Belém por causa dos preços exorbitantes cobrados pela rede hoteleira da capital paraense. Em alguns casos, diárias chegam a ultrapassar os R$ 10 mil, o equivalente a até 15 vezes o valor normal para o mesmo período na cidade. 

Os valores exorbitantes para a conferência do clima levaram à realização de uma reunião de emergência, comandada pelo escritório climático da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (29/7). A cúpula será realizada na capital paraense entre 10 e 21 de novembro, com representantes de quase todos os governos do mundo se reunindo para negociar esforços conjuntos para conter as mudanças climáticas.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, tornou pública a insatisfação com os valores abusivos e o movimento dos países pela mudança de local. Em entrevista a correspondentes estrangeiros, ele externou o problema durante um evento com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), promovido pela Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE), na  quinta-feira (31/7).

“Tornou-se público que diversos países do grupo que faz parte da administração da convenção (veem) a questão do preço dos hoteis como uma preocupação. Representantes de regiões pediram para tirar a COP de Belém. Isso aconteceu em uma reunião anteontem (na terça-feira)”, disse Corrêa do Lago.

Ele se referiu ao encontro on-line que teve participação de integrantes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), além de representantes do governo federal e do governo do Pará. Uma nova reunião está agendada para 11 de agosto, para “dar continuidade ao diálogo sobre o conjunto de ações” do evento em Belém.

Corrêa do Lago afirmou ainda haver “uma sensação de revolta, sobretudo por parte dos países em desenvolvimento, que estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos que estão sendo cobrados”. “Talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que estão provocando”, ressaltou o embaixador.

“Se na maioria das cidades onde as COPs aconteceram os hotéis passaram a pedir o dobro ou triplo do valor, no caso de Belém estão pedindo mais de 10 vezes. Então, há uma sensação literalmente de revolta dos países por essa insensibilidade, sobretudo por parte dos países de menor desenvolvimento, que estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos e abusivos. De fato os preços de Belém estão completamente abusivos, mais de 10 vezes e, em vários casos, 15 vezes o valor que os hotéis normalmente cobram”, disse Corrêa do Lago.

Para o presidente da COP30, o impasse ganhou outra dimensão após a entrevista do negociador africano Richard Muyungi à agência Reuters, na qual foi revelado que países chegaram a pedir oficialmente a mudança da conferência para outra cidade. “O Brasil tem muitas opções em termos de ter uma COP melhor, uma boa COP. Por isso, estamos pressionando para que o Brasil forneça respostas melhores, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação”, disse Muyungi.

“Ficou público que países estão pedindo para o Brasil tirar a COP de Belém”, afirmou Corrêa do Lago. O embaixador afirmou ainda haver um esforço do governo, liderado pela Casa Civil, para conseguir convencer os hotéis de Belém a baixarem os preços para o evento. No entanto, ele lembrou que a legislação brasileira não permite impor os preços.

A Folha de S. Paulo revelou nesta sexta-feira (1°/8) que um grupo de 25 negociadores da COP 30 assinou um documento no qual sugerem que, se os preços de hospedagem exorbitantes no Pará não forem resolvidos, o evento deveria, ao menos em parte, acontecer em outro local.

Em nota, a Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop) disse que o “compromisso com a realização de uma conferência climática ampla, inclusiva e acessível” e que “o plano de acomodação está sendo implementado em fases, com prioridade, nesta etapa, para as delegações que participarão diretamente das negociações oficiais”. 

A COP30 será a primeira conferência climática da ONU na Amazônia e deve reunir chefes de Estado, ministros, diplomatas e milhares de integrantes da sociedade civil de mais de 190 países. Belém tem 18 mil leitos de hotel. São esperadas 45 mil pessoas na COP30. O governo brasileiro anunciou este mês que haverá dois navios de cruzeiro para fornecer 6 mil camas extras. Também abriu reservas para países em desenvolvimento para acomodações mais acessíveis, com diárias de até US$ 220 (R$ 1.200).

Um porta-voz do governo holandês disse recentemente que pode ser necessário reduzir sua delegação pela metade em comparação às COPs anteriores, quando a Holanda enviou cerca de 90 pessoas durante o evento de duas semanas, incluindo enviados, negociadores e representantes da juventude. O vice-ministro do Clima da Polônia, Krzysztof Bolesta, afirmou à Reuters no início deste mês: “Não temos acomodações. Provavelmente teremos que reduzir a delegação ao mínimo.”

Fonte: O Tempo

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