TERCEIRO DO ANO

Planeta acelera rotação e registra um dos dias mais curtos da história

Terra completará volta em 1,25 milissegundo menos que o padrão, invertendo tendência de desaceleração; causas exatas do fenômeno ainda não foram estabelecidas

O Tempo
Publicado em 05/08/2025 às 19:07
Compartilhar

A Terra completará sua rotação em tempo menor que o habitual nesta terça-feira (5). O planeta terá um dia 1,25 milissegundo mais curto que o padrão, tornando-se um dos dias com menor duração já registrados. O fenômeno, embora imperceptível para humanos, é monitorado por cientistas que estudam alterações no comportamento rotacional do planeta.

A velocidade com que a Terra gira varia diariamente, influenciada por fatores astronômicos, incluindo interações gravitacionais com a Lua e outros corpos celestes. Este fenômeno natural ocorre tipicamente no meio do ano, conforme observações do Observatório Nacional, instituição vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Medição precisa do tempo

O tempo sideral, que mede a rotação terrestre em relação às estrelas "fixas" no céu, é mais preciso que o tempo solar convencional. Segundo o Las Cumbres Observatory, um dia sideral completo equivale a 23 horas, 56 minutos e 4,1 segundos, diferente das 24 horas do tempo solar baseado na posição do Sol.

Em condições normais, nosso planeta completa uma rotação em 86.400 milissegundos, equivalente a 24 horas. O Observatório Nacional afirma que "apesar das oscilações, as diferenças no tempo de rotação são imperceptíveis para o ser humano, pois chegam a poucos milissegundos".

Em 2025, outras datas também apresentaram rotações aceleradas. Em 9 de julho, o planeta completou sua rotação 1,23 milissegundo mais rápido que o normal, enquanto em 22 de julho a diferença foi de 1,36 milissegundo. O recorde do ano ocorreu em 5 de julho, quando a Terra girou 1,66 milissegundo mais rápido que o padrão.

Ciclo de acelerações em 2025

A aceleração momentânea na rotação terrestre faz parte de um ciclo que acontecerá três vezes entre julho e agosto de 2025. Após o evento de hoje, uma terceira ocorrência está prevista para 5 de agosto, quando a Terra deverá girar 1,51 milissegundo mais velozmente que o normal.

Esta aceleração contraria o padrão histórico observado por décadas, quando a rotação terrestre desacelerava gradualmente. Antes, os dias tornavam-se mais longos devido principalmente à interação gravitacional com a Lua, que se afasta lentamente da Terra a cada ano.

"Embora a rotação da Terra apresente uma desaceleração sistemática desde sua formação (há cerca de 4,5 bilhões de anos, o planeta tinha um período de rotação entre 5 e 10 horas, contra quase 24 horas atualmente), também existem variações pontuais que podem acelerar ou desacelerar a velocidade de rotação por períodos limitados", explica o Observatório Nacional em publicação no site do Ministério da Ciência e Tecnologia.

A partir de 2020, cientistas notaram uma inversão neste padrão. As causas exatas ainda não foram completamente esclarecidas. Uma possível explicação relaciona-se à posição da Lua em relação ao equador terrestre - quando o satélite se encontra mais distante desta linha, sua influência sobre a rotação da Terra diminui.

Terremotos, derretimento de geleiras e movimentação de águas subterrâneas também exercem influência sobre este processo. O site Space.com indica que a causa mais provável para a aceleração atual estaria relacionada à rotação mais lenta do núcleo líquido terrestre, que faria as camadas externas do planeta girarem mais rapidamente.

Pesquisador e diretor substituto do Observatório Nacional, Fernando Roig diz que diversos fatores podem causar variações temporárias na rotação terrestre, embora a tendência geral seja de desaceleração - fenômeno estudado desde o século XVIII. Terremotos de grande magnitude, tsunamis, movimentações no núcleo terrestre, oscilações dos polos geográficos e deslocamentos de massas nos oceanos e na atmosfera "podem alterar temporariamente o momento de inércia do planeta, mudando sua velocidade de rotação".

As mudanças climáticas em escala global também influenciam a rotação terrestre, principalmente devido ao fenômeno conhecido como maré atmosférica, que envolve o deslocamento periódico de grandes massas de ar ao redor do planeta.

Registros históricos

Os dados históricos revelam que 2024 detém o recorde de maior aceleração documentada, quando em 5 de julho do ano passado a Terra girou 1,66 milissegundo mais rápido que o normal. O segundo maior registro aconteceu em 30 de junho de 2022, com uma aceleração de 1,59 milissegundo.

O Observatório Nacional iniciou as medições sistemáticas desse fenômeno em 2020. Antes disso, a maior aceleração registrada desde a criação dos relógios astronômicos na década de 1950 foi de 1,05 milissegundo.

"Mudanças abruptas na temperatura média da superfície terrestre, como a transição da era glacial para a atual, também já provocaram variações significativas na duração do dia. Há cerca de 600 milhões de anos, por exemplo, o dia durava aproximadamente 21 horas", explica o Observatório.

Para manter os relógios atômicos sincronizados com a rotação terrestre, cientistas ocasionalmente adicionam o "segundo intercalar" ao Tempo Universal Coordenado. Esta prática começou em 1972. Desde então, 27 segundos intercalares foram acrescentados ao relógio mundial oficial.

Em 2016, pela primeira vez, não houve necessidade de adicionar um novo segundo intercalar. Se a tendência de aceleração persistir, os cientistas poderão enfrentar uma situação inédita: a implementação de um segundo intercalar negativo.

Estimativas publicadas na Nature indicam que esta medida poderá se tornar necessária em 2029. Alguns especialistas acreditam que dias excepcionalmente curtos ainda podem ocorrer ao longo deste ano.

Fonte: O Tempo.

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por