Além do então ministro Gonçalves Dias, outros nove integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) aparecem em vídeos no Palácio do Planalto durante a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Trechos das imagens foram divulgadas pela CNN Brasil na quarta-feira (19).
Na sexta (21), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que as imagens deveriam ser disponibilizadas em até 48 horas. Segundo ele, é importante a disponibilização do material que auxilie na identificação dos responsáveis e reforçou a importância “da preservação integral das imagens para posterior perícia”.
Moraes também determinou que todos os servidores identificados sejam ouvidos em 48 horas e pediu que o ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, envie a cópia integral da sindicância instaurada no âmbito do GSI para apurar a conduta dos agentes. Cappelli tornou as imagens públicas na tarde de sábado (22).
Confira quem são os 10 militares do GSI que aparecem nos vídeos da invasão ao Planalto:
- Adilson Rodrigues da Silva, capitão do Exército: Está no GSI desde dezembro de 2021, com a função de apoiar tecnicamente a seção de processos administrativos da coordenação-geral de segurança das instalações do Departamento de Segurança Presidencial. Antes estava lotado no comando de operações terrestres do Exército. Passou para a reserva em setembro de 2021.
- Alex Marcos Barbosa Santos, tenente coronel do Exército: assessor técnico militar no GSI,onde está desde agosto de 2019. Antes foi do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília. Em novembro, recebeu por indicação do então ministro do GSI, Augusto Heleno, a medalha da segurança presidencial “em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à segurança presidencial”.
- Alexandre Santos de Amorim, coronel do Exército: Era coordenador de Avaliações de Risco do GSI. Em depoimento à PF, o general Gustavo Henrique Dutra, ex-comandante militar do Planalto, citou uma avaliação feita por Amorim sobre o risco dos atos de oito de janeiro. Segundo Dutra, o coronel elaborou um relatório classificando o evento como “risco laranja”.
- André Luiz Garcia Furtado, coronel do Exército: Nomeado em abril de 2020 pelo general Augusto Heleno para ser coordenador-geral de Segurança de Instalações. Entre 2009 e 2011, no fim do mandato de Lula e início de Dilma Rousseff, o militar já havia trabalhado com os militares da Presidência. Na ocasião, ele era major e foi deslocado para integrar as comitivas do presidente da República.
- Carlos Feitosa Rodrigues, general do Exército: Foi substituído de posto importante no GSI 21 dias após os ataques às sedes dos três poderes. Desde maio de 2021, ocupava o cargo de secretário de Segurança e Coordenação Presidencial no gabinete. Entre 2019 e 2020, era o comandante da 16ª Brigada de Infantaria de Selva, com sede em Tefé, na região amazônica.
- Gonçalves Dias, general do Exército: Era o ministro-chefe do GSI até quarta, quando se demitiu após a divulgação das imagens dele e de outros servidores do gabinete dentro do Planalto em 8 de janeiro. Era homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi chefe da segurança nos dois primeiros mandatos.
- José Eduardo Natale de Paula Pereira, capitão do Exército: Filmado distribuindo água a invasores no Palácio do Planalto, integrava a equipe de viagens de Jair Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão. Foi nomeado a um posto no GSI em 2020 durante a gestão de Augusto Heleno. Depois, foi afastado do cargo logo após a invasão ao Planalto.
- Laércio da Costa Júnior, terceiro sargento da Aeronáutica: Era um dos encarregados de Segurança de Instalações do Palácio do Planalto. Lotado no GSI desde outubro de 2020.
- Marcus Vinicius Braz de Camargo, tenente coronel do Corpo de Bombeiros: Chefe da Assessoria Especial Parlamentar do GSI. Foi nomeado em 1º de janeiro deste ano, primeiro dia do governo do mandato do presidente Lula. Antes, foi chefe da assessoria parlamentar do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.
- Wanderli Baptista da Silva Júnior, coronel do Exército: Ex-comandante do 4º Batalhão de Polícia do Exército, em 2005 comandou a Operação Pacajá, organizada para tentar controlar os focos de tensão no no Pará após o assassinato da freira Dorothy Stang.
Gonçalves Dias alegou que conseguiria prender os manifestantes
Dias afirmou, em depoimento à PF na sexta-feira (21), que estava fazendo um gerenciamento da crise no momento em que foi filmado junto a invasores no Palácio do Planalto e que sozinho não conseguiria prender os manifestantes.
“Que indagado porque, no 3º e 4º pisos, conduziu as pessoas e não efetuou pessoalmente a prisão, respondeu que estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança, no 2º piso, tão logo descessem, pois esse era o protocolo”, diz trecho do depoimento.
O ex-ministro disse que “não tinha condições materiais de, sozinho, efetuar a prisão das três pessoas ou mais que encontrou no 3º e 4º andares, sendo que um dos invasores encontrava-se altamente exaltado”.
À PF, ele também afirmou que não viu o major José Eduardo Natale de Paula Pereira, que está afastado desde 8 de janeiro, dando uma garrafa de água a um dos invasores. E que teria prendido o militar se tivesse visto a situação.
Aos investigadores, ele também afirmou que teria havido um apagão no sistema de inteligência do governo, em razão da falta de informações para a tomada de decisão e disse que não obteve informações antecipadas sobre os atos que culminaram com a invasão e a depredação dos prédios dos Três Poderes da República.
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