O CRIME MIGROU

Ataques a bancos quase desapareceram e crimes digitais viraram principal ameaça, diz PC

Investigação sem flagrante e rastreamento técnico tornam crimes cibernéticos mais difíceis de apurar

Dandara Aveiro
Publicado em 31/12/2025 às 10:29
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Os crimes contra bancos e instituições financeiras de forma física e violenta praticamente deixaram de existir no país, mas essas ações deram lugar a uma modalidade cada vez mais frequente: os crimes digitais. A avaliação é do delegado Felipe Colombari, chefe do 5º Departamento de Polícia Civil, em Uberaba, ao comentar a redução drástica de ataques armados a agências bancárias e o crescimento expressivo de golpes aplicados pela internet. 

Segundo Colombari, ações como explosões de bancos e ataques do chamado “novo cangaço” se tornaram raras em Minas Gerais, especialmente pelo envolvimento de muitas pessoas e pelo alto risco a integridade física dos próprios criminosos. “Esse tipo de ação caiu de forma muito acentuada. Saímos de centenas de ocorrências por ano para uma ou duas. É uma modalidade que envolve muita gente, alto risco e violência, e a própria criminalidade percebeu que não compensa mais”, explicou. 

Em contrapartida, o delegado destaca que houve uma migração clara para o ambiente virtual. “Hoje, o crime é digital. Com um celular ou um computador, muitas vezes até de dentro de um presídio, o criminoso consegue fazer mais dinheiro do que em um assalto a banco, sem correr risco de confronto ou troca de tiros”, afirmou. 

Colombari ressaltou que o aumento desse tipo de crime é exponencial e, por isso, Uberaba mantém estrutura específica para esse enfrentamento, por meio da Delegacia de Estelionatos, que tem foco especial nos golpes digitais. Ainda assim, é difícil de mensurar, justamente pela complexidade das investigações. “É um crime muito mais difícil de apurar. Não há flagrante, a investigação é longa e exige rastreamento técnico, mas é hoje uma das principais frentes de atuação da Polícia Civil”, pontuou. 

Apesar da mudança de cenário, Uberaba já foi palco de ataques de grande repercussão. Em 2019, uma agência do Banco do Brasil foi alvo de uma ação armada com reféns e troca de tiros, que resultou na morte de uma jovem e na prisão de 14 suspeitos. Dois anos antes, em 2017, a cidade viveu momentos de terror com o ataque à empresa de transporte de valores Rodoban.

Atualmente, os registros mais frequentes no município e na região são de crimes cibernéticos, envolvendo golpes financeiros e estelionatos via internet e aplicativos. Em junho deste ano, um morador de Uberaba perdeu quase R$ 8 mil ao cair em um golpe via WhatsApp, após acreditar que ajudava o filho. Já em agosto, a Polícia Civil iniciou a investigação de uma fraude digital que resultou no desvio de R$ 142,8 mil da conta bancária de uma empresa da cidade, por meio de transações não autorizadas envolvendo boletos e transferências. Outro registro recente também aponta prejuízo superior a R$ 60 mil em falsas aplicações na bolsa de valores, reforçando o avanço desse tipo de crime no ambiente virtual. 

Para o delegado, esses episódios reforçam a transformação do crime. “O físico praticamente desapareceu, enquanto o digital cresce de forma acelerada”, concluiu. 

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