CRUELDADE

Criança morta com sinais de desnutrição comia ração de cachorro e se sentia pressionada a vomitar

Informações foram registradas pela Polícia Militar; padrasto admitiu à polícia que privava enteado de comida

O Tempo
Publicado em 09/06/2024 às 10:44
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Morte foi constatada na Santa Casa de Lagoa Santa (Foto/Reprodução/Google Street View)

Mais detalhes sobre o caso da criança de 7 anos que morreu com sinais de desnutrição na Santa Casa de Lagoa Santa revelam a rotina de crueldade a que ela supostamente era submetida. Após a morte registrada nessa sexta-feira (07/06), o Boletim de Ocorrência (BO) do caso lista que o menino já teria sido visto se alimentando até de ração de cachorro e que, quando comia algo, sentia-se obrigado a vomitar por medo de ser castigado.

A Polícia Militar (PM) ouviu o padrasto da criança, de 19 anos, a mãe, de 27, e uma testemunha conhecida da família. O padrasto afirmou à polícia que, quando a criança começou a passar mal e foi levada ao hospital, onde já chegou sem vida, ele estava trabalhando em um serviço de mudança e, que, além disso, teve medo de ir à instituição e ser preso. Ele alegou que o enteado estava doente há seis dias, período no qual não se alimentava e estava vomitando “coisas verdes”.

Além do menino, o homem vivia com a companheira e outras três crianças, uma delas recém-nascida. O padrasto admitiu que privava o garoto de comer, segundo o homem por temer que a pouca comida que havia em casa, parte dela fruto de doações, não seria o bastante para todos. Quando via o menino comer mais do que o padrasto achava necessário, o homem se enfurecia e o deixava sem se alimentar por algum tempo, segundo relatou.  A mãe não concordava com esse tipo de castigo, de acordo com o padrasto, que então retrucava que ela estava deixando o filho “com muita ousadia”.

No depoimento à polícia, a mãe disse que “não conseguia mais falar sobre o caso”, mas admitiu já ter visto a criança se alimentar com comida de cachorro e não deu mais detalhes, apenas disse que o filho era teimoso.

A polícia também ouviu uma testemunha, um homem que abrigou as crianças em casa quando a mãe do menino foi dar à luz ao mais novo, recém-nascido. O homem relatou que todas as crianças pareciam magras, especialmente o menino de 7 anos, que falava baixo e tinha dificuldades para andar. As crianças pareciam ter medo, segundo ele, mas afirmavam que se alimentavam bem em casa.

Na casa do homem, foram alimentadas e, depois disso, o menino de 7 anos disse que precisava vomitar, pois tinha medo de ser castigo por ter comido, segundo a testemunha. No banho, o homem disse ter conseguido ver as veias e costelas do menino aparentes sob a pele. Ele teria sugerido ao padrasto das crianças que elas ficassem na casa por mais algum tempo, contudo o homem teria insistido para que fossem embora. A testemunha afirmou ter sido informada sobre a morte da criança por conhecidos.

Relembre o caso
A mãe da criança deu entrada com ela na Santa Casa de Lagoa Santa na sexta, e a equipe médica averiguou que o menino já estava morto. Havia sinais de desnutrição, mas não de violência recente, segundo os profissionais que acionaram a PM.

A mãe e o padrasto da criança foram encaminhados à delegacia, e o caso segue em investigação na Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). O sargento Thiago Tavares, que atendeu a ocorrência, afirmou à reportagem que o caso configura omissão de tratamento médico. “Durante o registro da ocorrência, fomos informados pelo irmão que a criança estava proibida de comer. Isso era uma forma de castigo aplicada pelo padrasto”, sinalizou. 

Fonte: O Tempo

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