De acordo com a Polícia Civil, o líder religioso organizava um grupo sigiloso, no qual os participantes pagavam para ingressar e eram proibidos de revelar detalhes dos rituais realizados (Foto/Reprodução)
Weder Alves Garcia, de 43 anos, foi condenado a 49 anos, 10 meses e 20 dias de prisão por abusar sexualmente de mulheres, adolescentes e crianças. A decisão foi proferida na segunda-feira (17) pela 2ª Vara Criminal de Frutal, no Triângulo Mineiro. A defesa do condenado anunciou que recorrerá da sentença.
Weder foi preso em 29 de agosto de 2024 durante a operação "Voto de Silêncio", coordenada pela Polícia Civil. Ele era suspeito de pelo menos seis estupros, mas a investigação apontou que o número de vítimas poderia ser ainda maior.
Investigação revelou esquema secreto
De acordo com a Polícia Civil, o líder religioso organizava um grupo sigiloso, no qual os participantes pagavam para ingressar e eram proibidos de revelar detalhes dos rituais realizados. As investigações apontam que os abusos ocorriam em um local chamado de "quarto do sigilo", onde Weder utilizava imagens intimidadoras e forçava as mulheres a entrarem em um alçapão junto com ele. As vítimas relataram que, durante os rituais, o condenado afirmava estar incorporado por um espírito e exigia relações sexuais como parte de um suposto processo de fé. A mais jovem das vítimas identificadas tinha apenas 9 anos.
Ainda conforme as investigações, Weder ameaçava quem tentasse sair do grupo, utilizando trabalhos espirituais e uma arma de fogo. Durante a operação que resultou em sua prisão, três mandados de busca e apreensão foram cumpridos. A polícia encontrou uma arma e documentos que, segundo os investigadores, comprovariam os crimes.
Defesa contesta decisão judicial
O advogado de Weder, Ricardo Rezende Rocha, afirmou que recorrerá da decisão e contestará a sentença nas instâncias superiores.
"A defesa reitera sua confiança no devido processo legal e no sistema recursal, destacando que há vícios na sentença que serão objeto de questionamento. O direito à ampla defesa e ao contraditório são pilares fundamentais do Estado Democrático de Direito, e medidas serão adotadas para sanar eventuais equívocos contidos na decisão", declarou o advogado.
A sentença de Weder Alves Garcia ainda pode ser revisada em instâncias superiores, caso o recurso da defesa seja aceito pela Justiça.