
O esquema envolve empresários e agentes públicos, ligados à realização do evento Expo Campo 2025, ocorrido em julho (Foto/Divulgação)
A Operação Expocampo, deflagrada nesta terça-feira (28) pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e pelo Ministério Público (MP), revelou indícios de pagamentos duplicados, superfaturamento e direcionamento de contratos públicos em Campo Florido. Empresas recém-criadas e de fachada teriam sido contratadas em poucos dias para prestar serviços sem estrutura adequada, favorecendo pessoas ligadas a políticos locais. O material apreendido será analisado e a investigação pode resultar em indiciamentos criminais e ações de improbidade administrativa.
O esquema envolve empresários e agentes públicos, ligados à realização do evento Expo Campo 2025, ocorrido em julho. Durante a operação, documentos, computadores e celulares foram recolhidos para análise detalhada dos contratos e credenciamentos questionados. Os investigadores apontam indícios de superfaturamento e pagamento em duplicidade de serviços, para favorecer pessoas com vínculos políticos próximos à administração municipal.
De acordo com o delegado-regional, Armando Papacidero, titular da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, um dos responsáveis pela operação, o foco principal é apurar a atuação de uma organização criminosa que teria como objetivo lesar o patrimônio público. “As investigações indicam uma possível interligação de interesses entre agentes públicos e privados para desviar recursos públicos. O trabalho da Polícia Civil, em conjunto com o Ministério Público, visa identificar todos os envolvidos e responsabilizá-los na esfera criminal e administrativa”, afirmou ao JM.
Ainda em coletiva de impresa, o promotor Eduardo Fantinati, titular da 15ª Promotoria de Justiça (Defesa do Patrimônio Público), explicou que parte das irregularidades envolve pagamentos duplicados e o uso indevido de credenciamentos legais, modalidade que deveria garantir concorrência, mas que teria sido distorcida para beneficiar empresas de fachada. “Essas empresas foram criadas e contratadas rapidamente, muitas vezes funcionando em imóveis residenciais, sem estrutura ou capacidade para os serviços contratados. A investigação seguirá detalhando pagamentos, credenciamentos e contratos suspeitos, sempre preservando a lisura do processo e garantindo que eventuais responsáveis sejam devidamente responsabilizados”, esclareceu.
O Laboratório de Lavagem de Dinheiro da PCMG fará a análise do material, que poderá subsidiar indiciamentos criminais e ações civis por improbidade administrativa. Agora, os equipamentos apreendidos passarão por análise detalhada para confirmar a extensão do esquema e identificar todos os envolvidos.
A Polícia Civil informou que equipes ainda permanecem no município de Campo Florido finalizando os procedimentos e que novas atualizações serão divulgadas à medida que a apuração avance.
Ao todo, foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão, sendo 26 em Campo Florido e dois em Uberaba. Entre os alvos estão residências e empresas ligadas a autoridades municipais, incluindo a casa do vice-prefeito e do presidente da Câmara da cidade. Participaram da operação 95 policiais civis e quatro analistas do Ministério Público, com apoio do Laboratório de Lavagem de Dinheiro do Quintos, que continua atuando na apuração.