Condenado por tentativa de golpe, ex-presidente deve ser internado nesta quarta (24/12) para retirar hérnias na virilha na quinta-feira (25/12), dia do Natal

Moraes autorizou a cirurgia de Bolsonaro após a PGR não se opor às datas sugeridas pela defesa (Foto/Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
O ex-presidente Jair Bolsonaro deve deixar a Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília nesta quarta-feira (24/12) para ser internado em um hospital particular da capital, com expectativa de passar por uma cirurgia para retirar hérnias na virilha na quinta-feira (25/12), dia do Natal.
Será a primeira vez que Bolsonaro deixará a instalação da PF, onde está preso há um mês. Primeiro detido preventivamente por risco de fuga, após tentar violar a tornozeleira eletrônica, o ex-presidente passou a cumprir a pena de 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado, depois de esgotados os recursos.
Relator das ações que envolvem a trama golpista, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou Bolsonaro a passar por cirurgia após peritos criminais atestarem a necessidade da intervenção. A data foi sugerida pela defesa do ex-presidente ao ministro na terça (23/12), depois do aval ao procedimento.
Bolsonaro será internado e operado no hospital DF Star, que fica a 2,5 quilômetros da superintendência da PF. Caberá à corporação levá-lo e escoltá-lo até o hospital e desembarcá-lo em uma garagem. No hospital, ele terá escolta permanente, com limitações de visitas e proibição de acesso a computador, celular e qualquer dispositivo eletrônico.
Moraes atendeu à defesa e autorizou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) a acompanhar o marido ao longo de sua internação, mas negou o pedido para nomear o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) como acompanhantes secundários.
Médico diz que internação deve durar até sete dias
Em um laudo apresentado no último dia 15, o médico particular de Bolsonaro, o cirurgião-geral Cláudio Birolini, indicou que a cirurgia levaria o ex-presidente a permanecer de cinco a sete dias no DF Star, “a fim de contemplar o período necessário para avaliação pré-operatório, procedimentos cirúrgico e anestésico, analgesia pós-operatória, profilaxia de eventos trombóticos e fisioterapia motora”.
Moraes autorizou o ex-presidente a se submeter à cirurgia para retirar as hérnias na virilha após uma perícia médica da PF atestar a necessidade de um procedimento para corrigi-las. Ao contrário do alegado pela defesa, a intervenção não é urgente. “O periciado Jair Messias Bolsonaro é portador de hérnia inguinal bilateral que necessita reparo cirúrgico em caráter eletivo”, observaram os peritos.
Apesar de a defesa citar a hipótese de um eventual risco de encarceramento ou estrangulamento intestinal, a PF destacou que “não há descrição de encarceramento ou estrangulamento da(s) hérnia(s) em nenhum momento, inclusive até a realização da presente perícia”. O procedimento foi realizado em 17 de dezembro.
Em um laudo de dez páginas, a perícia avaliou como urgente apenas o bloqueio do nervo frênico guiado por ultrassom, alternativa para conter as crises de soluços. A persistência dos soluços, alegaram os peritos, poderia “acelerar o risco das complicações do quadro herniário em decorrência do aumento da pressão intra-abdominal”.
Em relato aos peritos, Bolsonaro disse que os soluços são frequentes há oito meses, desde a última cirurgia realizada para desobstruir seu intestino, em abril de 2025. “Nos últimos sete meses, o periciado afirma que chegou a ficar de um a dois dias sem soluçar, mas que o quadro retorna e perdura por dias, trazendo prejuízo na alimentação e no sono”, descreveram.
O ministro encarregou a PF de realizar uma perícia médica depois de pôr em xeque os exames médicos apresentados pela defesa para sustentar a urgência da cirurgia. Porém, Moraes apontou que os documentos da defesa “não são atuais, sendo que o mais recente foi realizado há três meses” e que o exame médico-legal do ex-presidente não indicava qualquer emergência.
Fonte: O Tempo