Com nariz de palhaço e camisetas estampando a remuneração de R$ 336,26 paga ao professor de ensino básico, o PEB 1, diretores do Sind-UTE permaneceram mais de três horas no plenário da Câmara, ontem, concedendo explicações sobre a greve que atingiu 31 dias letivos. Discursos inflamados de vários vereadores configuraram ao movimento apoio explícito, inclusive com passeata programada para a próxima sexta-feira. A dirigente sindical Sônia Regina Monte relatou o histórico das negociações com o governo do Estado desde o início do ano, que não avançaram. Os profissionais de Educação reivindicam o piso nacional de R$ 1.312,85, refutando os R$ 935 já reajustados em 10% pelo ex-governador Aécio Neves. Ao ocupar a tribuna da Câmara, a dirigente lamentou a baixa adesão dos profissionais em Uberaba. As três escolas que no início aderiram à greve já retornaram. Desta forma, segundo a presidente do Sind-UTE, existem profissionais em greve e não instituições de ensino. No Estado, 130 mil educadores estão parados, segundo Sônia Monte. O engenheiro civil e professor Carlos Roberto Silva, representante de Sacramento, comoveu o plenário ao relatar a agressão sofrida por policiais militares no Parque Fernando Costa, durante a abertura oficial da ExpoZebu, dia 3 de maio, acarretando na perda dos sentidos. “Se o que eu ganho não enche meu armário, Anastasia pode ficar com meu salário”, disse ele. O salário de R$ 500,48 pago aos professores com licenciatura plena e percentuais ainda mais aquém a outras funções provocaram discursos inflamados. O peemedebista Marcelo Borjão tachou de covardes os profissionais que retornaram às atividades, ignorando o chamamento sindical. Apresentou moção de apoio à greve a ser enviada ao governador, aprovada em plenário. Por sugestão do presidente Lourival dos Santos (PCdoB), os vereadores participarão de passeata na próxima sexta-feira, por volta de 17h, cuja concentração acontece em frente do Legislativo, indo até a praça do Grupo Brasil. Alertado pelo vereador Carlos Godoy (PTB) de que a Câmara, enquanto agente político, está impedida de aderir à greve, Lourival esclareceu ser o apoio dos colegas enquanto cidadãos e pais. Alguns vereadores vão contribuir financeiramente, visando à confecção de panfletos. Nova decisão. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu nesta sexta-feira (21) que o Governo de Minas pode contratar professores substitutos aos que se encontram em greve liderada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE). A decisão vem depois de a Justiça ter considerado a ilegalidade do movimento em duas decisões diferentes.