Presidente afirma que apuração da Polícia Federal não fará distinções e responde sobre suposto envolvimento do filho, Fábio Luís Lula da Silva
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (18/12) que o governo federal vai seguir investigando as fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), independentemente de quem esteja envolvido no esquema de corrupção. “Se tiver filho meu metido nisso, vai ser investigado”, declarou.
Lula se referia à citação de seu filho, Fábio Luís Lula da Silva, na investigação conduzida pela Polícia Federal (PF). Fábio Luís, chamado de “Lulinha”, é mencionado em apurações que apontam o suposto recebimento de recursos de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.
“A decisão de apurar esse fato foi do governo. E por que demorou? Demorou porque, como a gente não quer fazer pirotecnia, a gente quis investigar com seriedade. A nossa Controladoria levou praticamente dois anos fazendo a investigação. Porque seria muito fácil fazer uma denúncia e não apurar”, disse Lula durante café com jornalistas.
Segundo o presidente, desde que haja seriedade nas investigações, nenhum envolvido será poupado. “Ninguém ficará livre. Se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado. Se tivesse meu pai, que já morreu, ele não. Se tiver o Haddad, ele vai ser investigado; se tiver o Rui Costa, com essa seriedade, também será investigado”, afirmou.
Lula disse ser “inadmissível” que, em um país onde milhões de aposentados recebem um salário mínimo, haja pessoas tentando se apropriar do dinheiro deles. Afirmou ainda que não integra a CPMI em curso no Congresso, nem a Polícia Federal ou o Supremo Tribunal Federal, mas garantiu que, no que depender da Presidência, tudo será feito para que o país receba uma "lição" no caso.
Mais cedo nesta quinta-feira, a PF deflagrou uma nova fase da operação relacionada ao caso. O secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, foi demitido e teve a prisão domiciliar decretada. A PF também prendeu Romeu Carvalho Antunes, filho do “Careca do INSS”, e cumpriu mandados de busca contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA).
O esquema de corrupção contra beneficiários do INSS foi deflagrado em abril deste ano. Segundo a investigação, milhares de aposentados e pensionistas tiveram descontos não autorizados em seus benefícios. Os valores eram cobrados por sindicatos e associações de aposentados, por meio de convênios com o INSS, sem autorização dos beneficiários.
A investigação aponta que, entre 2019 e 2024, os descontos indevidos em benefícios realizados por sindicatos e associações somaram R$ 6,3 bilhões. A PF sustenta que, embora o esquema tenha começado no governo Jair Bolsonaro (PL), as contribuições dispararam na gestão Lula.
Desde que as notícias sobre os crimes no INSS vieram a público, aliados do presidente Lula e a oposição bolsonarista travam uma disputa de narrativas sobre quem seria o responsável pelo esquema de corrupção. No âmbito legislativo, deputados e senadores conduzem uma CPI no Congresso para apurar o caso. O colegiado é presidido pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG).
Fonte: O Tempo