MUDOU A VERSÃO

Marcos do Val confirma proposta de golpe e aponta Daniel Silveira como mentor

Senador declarou que plano de grampear Moraes foi apresentado na Granja do Torto, que sedia uma residência oficial em Brasília; na época, Paulo Guedes era morador

Agência Estado
Publicado em 02/02/2023 às 14:43Atualizado em 02/02/2023 às 15:16
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Marcos do Val e Jair Bolsonaro (Reprodução)

Marcos do Val e Jair Bolsonaro (Reprodução)

Depois de afirmar ter sido coagido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a participar de um plano de golpe, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) recuou da declaração e destacou que o ex-mandatário apenas ouviu a proposta. O mentor, de acordo com do Val, foi o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).

Ele confirmou, no entanto, a presença de Bolsonaro na exposição do plano de grampo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Marcos do Val concedeu entrevista à imprensa em seu gabinete no Senado, em Brasília (DF), nesta quinta-feira (2).

Do Val contou ter sido procurado por Silveira em 7 de dezembro, ocasião em que o ex-deputado fez uma chamada de vídeo entre Bolsonaro e o senador. No momento, Silveira também o chamou para um encontro com o ex-presidente que realizado dois dias depois na Granja do Torto. O local abriga uma residência oficial - pública - e é distante cerca de 13,5 km do Palácio do Planalto, que sedia o Executivo, em Brasília (DF). Este teria sido o primeiro contato físico entre do Val e Bolsonaro, segundo o senador.

Na época narrada, quem morava na Granja do Torto era o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. O senador, no entanto, disse não ter conseguido identificar quem morava no local.

O parlamentar contou ter comunicado o convite de Silveira para o encontro com Bolsonaro a Moraes, que o orientou a aceitar o convite e ir. Do Val disse que tinha uma relação profissional com o magistrado, o que era de conhecimento de Silveira.

Na Granja do Torto, do Val contou que estavam apenas os três e que Silveira começou a expor o plano, enquanto Bolsonaro permaneceu em silêncio a todo momento. Na avaliação do senador, a impressão era de que Silveira estava apresentando um plano na intenção de não ser preso pelo descumprimento de ordens judiciais recorrentes e, por isso, tentava convencer Bolsonaro e ele da proposta de grampear o ministro.

"Ficou claro que Daniel Silveira estava tentando encontrar uma forma de não ser preso de novo", disse. "O presidente estava em uma situação semelhante à minha, escutando uma ideia esdrúxula do Daniel Silveira", reforçou.

A proposta consistia em do Val marcar uma reunião com Moraes e ingressar no prédio do STF com um grampo. Então, induzir a conversa para que o ministro admitisse que tinha "ultrapassado as linhas da Constituição" em suas decisões, como alegam bolsonaristas. A operação ilegal contava, ainda, com um veículo equipado próximo ao prédio da Suprema Corte para captar a escuta.

Ele contou ter negado o plano de imediato alegando que a gravação era ilegal, já que não havia autorização judicial. Em seguida, ouviu de Silveira que tinha uma "equipe preparada" para tornar a gravação legal e apresentá-la à Justiça. Ele ponderou não saber se a equipe consistia em um juiz com atuação corrompida.

Com a insistência a aceitar participar do plano depois da primeira negativa, do Val contou ter dito a Silveira que pensaria no assunto e, depois, respondeu que "não ia cumprir a missão". A situação foi relatada posteriormente a Moraes, disse o senador.

O senador contou ainda que foi convencido por Silveira ao não ir ao encontro com Bolsonaro em seu carro oficial. Ele disse ter ido até um ponto de encontro com seu motorista oficial e, em certo local, trocou de veículo para o carro em que estava Silveira. Dessa forma, não passou por identificação ao chegar à Granja do Torto.

Em meio à repercussão sobre o assunto, do Val contou ter recebido ligações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na manhã desta quinta. De acordo com ele, Flávio apenas o convidou para se filiar ao PL e pediu que não renunciasse ao mandato.

Em post nas redes sociais, o senador declarou que deixaria de forma permanente a vida política. Na manhã desta quinta, no entanto, ele declarou que ainda não decidiu se irá renunciar, mas que não deixará sua suplente, Rosana Márcia Foerste da Silva (Cidadania-ES), assumir ao mandato.

Ele contou ter escolhido sua suplente de forma aleatória ao fazer o registro da candidatura ao Senado, pedindo, na hora, os documentos de Rosana que atuava como secretária de um vereador.

Fonte: O Tempo

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