Em um ato isolado, o presidente da Câmara, Luiz Dutra (PDT), determinou ontem a colocação de uma folha impressa com um ponto de interrogação no lugar onde deveria estar fotografia
Em um ato isolado, o presidente da Câmara, Luiz Dutra (PDT), determinou ontem a colocação de uma folha impressa com um ponto de interrogação no lugar onde deveria estar uma fotografia do agora vereador José Antônio Fernandes Cardoso (PSB). Através da Assessoria de Imprensa da Casa, o pedetista se justificou afirmando que está protestando quanto à instabilidade jurídica no País, além de querer chamar a atenção para o caso em questão, ou seja, a disputa entre o pessebista e Chiquinho da Zoonoses (PR) pelo cargo.
O protesto, prossegue a assessoria, não é uma afronta a quem quer que seja, mas uma forma de mostrar que o Legislativo também é vítima desse imbróglio jurídico. Dutra decidiu colocar o ponto de interrogação ontem à tarde, quando foi alertado que teria que substituir a imagem de Chiquinho na galeria de fotos dos representantes da atual legislatura e não consultou nenhum vereador, sequer os integrantes da Mesa Diretora.
Conforme o diretor de Comunicação da CMU, Denis Silva, trata-se de um protesto da presidência, lembrando que o regime do Legislativo é presidencialista. A manifestação não encontrou respaldo junto aos outros três membros da Mesa, ao que o segundo-secretário João Gilberto Ripposati (PSDB) defendeu que se havia o interesse em uma ação do gênero, Dutra deveria ter discutido com seus pares. Para ele, melhor seria fazer uma carta de repúdio ao Judiciário, mas como um ato de colegiado.
O tucano diz acreditar que a paciência do presidente está acabando e que seus ânimos estão à flor da pele por conta do imbróglio, o qual lembra que vai chegar ao fim. Ripposati reconhece que a disputa entre Chiquinho e Cardoso pela cadeira de vereador gera transtornos e aborrecimentos – e até constrangimento –, e responsabiliza as leis brasileiras que são falhas e por isso permitem esse tipo de situação. “Infelizmente, Uberaba vive este caso, mas temos que ter cuidado até a sua decisão final”, pondera o vereador, que encontra respaldo junto ao primeiro-secretário da CMU, professor Godoy (PTB).
Ele, que tachou a atitude de Dutra como desnecessária, disse que se tivesse sido ouvido, teria pedido para não fazer isso. Para Godoy, o regime da Casa pode até ser presidencialista, mas o presidente não caminha só e qualquer ato novo tem que ser dialogado. O petebista reforça que não cabe à Câmara questionar as decisões da Justiça, e sim cumpri-las, mesmo porque o pleito de ambos é legítimo e vai chegar ao fim. Já o vice-presidente do Legislativo, Itamar Ribeiro de Resende (DEM), disse que não faria o mesmo que Dutra e defende a neutralidade da Casa nesta questão. O vereador Cardoso preferiu não comentar a atitude do presidente do Legislativo.