Comando do PMDB Uberaba parece ter acenado com bandeira branca ao seu líder na Câmara, Borjão, com quem trava guerra pública
O comando do PMDB Uberaba parece ter acenado com bandeira branca ao seu líder na Câmara, vereador Marcelo Borjão, com quem trava uma guerra pública desde o ano passado, e que se tornou mais acalorada nos últimos meses. Ontem, o presidente do Diretório Municipal, Luiz Humberto Borges, convidou o correligionário para o que chamou de “uma reunião social”, no escritório político do deputado federal Paulo Piau.
O dirigente partidário economizou nas palavras e se limitou a classificar o encontro de “tranquilo”, no entanto, reforçou que continua o trabalho da Comissão de Ética para apurar se o comportamento de Borjão é inadequado ao mandato, se ele cometeu infidelidade partidária e também se é hostil ao partido. O vereador terá que fazer nova defesa ao PMDB – desta vez por escrito –, mas entende que o chamado de Luiz Humberto se traduz em um sinal de trégua em relação às divergências entre as partes.
Conforme Borjão, o presidente o deixou a vontade para definir seu futuro político, no PMDB ou em outra legenda. Se em Uberaba o partido age para buscar o caminho do entendimento, e com isso minimizar os impactos negativos da exposição pública de suas mazelas, a Executiva Estadual parece estar vivendo seu inferno astral. Se não bastasse estar as voltas com as acusações do histórico peemedebista Newton Cardoso, que a chamou de “bando” e “bandidos”, as contas do partido referentes ao exercício de 2007 foram desaprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).
A legenda foi julgada pela Corte em sessão realizada anteontem e, como penalidade, viu suspenso o recebimento de cotas do Fundo Partidário de forma proporcional e o recolhimento da quantia considerada irregular. A rejeição foi motivada pelo emprego incorreto de despesas realizadas com o FP e a não-comprovação da origem de recursos utilizados e de gastos efetuados com fontes próprias. Agora, o partido terá que dar explicações à Justiça Eleitoral.
Enquanto isso, internamente, a Comissão de Ética da legenda começa a analisar o pedido de expulsão do ex-governador e deputado federal Newton Cardoso, que também disse à imprensa que a Executiva Estadual vai levar o PMDB-MG a uma derrota histórica e que o seu presidente [Antônio Andrade] é “um homem que faz política baixa, de baixo clero”. Foi o titular do diretório municipal de Belo Horizonte, Leonardo Quintão, quem solicitou apurações sobre o que chamou de conduta de hostilidade do correligionário.
Quintão teve o apoio de outros caciques do partido, sendo que Andrade (deputado federal) revelou ter recebido um telefonema do presidente Nacional do PMDB, senador Valdir Raupp, manifestando indignação com as acusações. Desde o início de abril que a Executiva Estadual vem promovendo uma devassa nos diretórios municipais, sendo alguns dissolvidos por infidelidade partidária ou necessidade de renovação.