Comentário do presidente Luiz Dutra (PDT) no plenário da Câmara, semana passada, sobre os rumos da reforma política em discussão no Congresso Nacional deixou alguns de seus colegas sem dormir – o próprio declarou. O pedetista alertou-os quanto ao risco de não conseguirem a reeleição em 2012 por conta das mudanças no sistema eleitoral que podem entrar em vigor a partir do pleito do ano que vem entre as quais, o fim das eleições proporcionais e consequentemente das coligações para a escolha de vereadores.
Considerando essa regra, Dutra fez uma análise com base no coeficiente eleitoral – total de votos válidos em relação ao número de cadeiras em disputa – que aponta para a necessidade de se conquistar o voto de pelo menos 7.500 eleitores para fazer um vereador, e na sua opinião, nenhum dos atuais detentores de mandato tem por si só condições de alcançar essa cifra. Como nenhum deles deve mudar de partido, sob pena de perder a cadeira por infidelidade partidária, estão engessados, completa.
Para o presidente da CMU, a situação poderá gerar uma grande renovação na Câmara, porque quem pretende ser vereador e não tem mandato – portanto, livre para migrar entre os partidos – tenderá a se aglutinar nas siglas hoje não representadas no Legislativo que atingirão o coeficiente partidário fazendo um, dois ou até mais representantes. Dutra vê a situação com temeridade, pois embora defenda a reciclagem, diz que é preciso mesclar os novos com os experientes, assim como “na Seleção Brasileira”.
“Aquele partido que não fizer o coeficiente eleitoral não vai sequer concorrer a uma cadeira e poderá ficar de fora da Câmara, enquanto que um ou dois poderão fazer o maior número de vereadores, como já aconteceu aqui no passado, quando o PMDB fez 14 das 19 vagas à época”, alerta Dutra. Para ele, se a nova regra passar no âmbito da reforma política, é preciso garantir, pelo menos nessa primeira eleição, que os detentores de mandato tenham a possibilidade de mudar de partido. O prazo para tanto termina no dia 7 de outubro de 2011, um ano antes do pleito.
Enquanto não houver uma definição no Congresso a Câmara não vai colocar em votação o projeto de emenda à Lei Orgânica do Município, visando a alterar a quantidade de representantes, hoje 14. Uberaba poderá chegar a 23 vereadores se o número de habitantes ultrapassar os 300 mil – contagem que será fechada em agosto – ou até 21 se a população for inferior. “No momento certo e na hora exata vamos definir as cadeiras”, garante o presidente da Casa.