Senado dos EUA aprova projeto de lei para encerrar tarifas de Trump contra o Brasil
Lula e Trump se encontram na Malásia (Foto/Ricardo Stuckert/PR)
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (28) um projeto de lei que revoga as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump ao Brasil sobre produtos como petróleo, café e suco de laranja.
A proposta, de autoria do senador democrata Tim Kaine (Virgínia), foi aprovada por 52 votos a 48, com apoio de cinco republicanos, entre eles Mitch McConnell e Susan Collins. Apesar disso, o texto tem poucas chances de avançar: ainda precisa ser aprovado pela Câmara, de maioria republicana, e pode ser vetado por Trump.
Kaine afirmou que a medida busca chamar atenção para os impactos econômicos negativos das tarifas e provocar um debate no Congresso sobre a política comercial do governo. O projeto também revoga o estado de emergência nacional que permitiu a Trump impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros desde agosto.
A votação evidenciou divisões dentro do Partido Republicano quanto à política tarifária. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, as tarifas contribuem para o aumento do desemprego, da inflação e para a desaceleração econômica.
A aprovação ocorre em meio ao avanço das negociações entre Brasil e Estados Unidos. No domingo (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Trump por cerca de 45 minutos para discutir a redução das tarifas. Ambos concordaram em iniciar um processo de negociação bilateral, cuja primeira reunião ocorreu na segunda-feira (27).
Participaram do encontro o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do MDIC, Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro. O grupo definiu um calendário de discussões sobre os setores mais afetados.
Lula afirmou que não há “temas proibidos” nas negociações e sugeriu suspender temporariamente as tarifas enquanto o diálogo avança. O presidente também contestou a justificativa dos EUA para as medidas, destacando que o país acumula superávit de US$ 410 bilhões na balança comercial com o Brasil nos últimos 15 anos.
O encontro entre Lula e Trump foi descrito como cordial. Ambos cogitaram visitas oficiais e destacaram a importância de manter o diálogo. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Amcham consideraram a reunião um avanço e esperam um acordo nas próximas semanas.