Apesar de pertencerem a siglas rivais, presidentes do PT e do PSDB concordam que a permanência de Palocci estava ficando insustentável
Apesar de pertencerem a siglas rivais, presidentes do PT, Valdemar Pamplona, e do PSDB, Luiz Cláudio Campos, concordam que a permanência do ministro Antônio Palocci na Casa Civil estava ficando insustentável para o Governo Federal.
Para Pamplona, a pressão gerada em torno do patrimônio do ministro trouxe grande desconforto político. Neste contexto, ele avalia a saída de Palocci como algo sensato e de certa forma plausível. “Ele teve a sensatez de se afastar para não criar transtornos”, diz. O dirigente, no entanto, faz questão de frisar que não houve evidências suficientes que caracterizaram alguma ilegalidade nas atividades do então chefe da Casa Civil, visto que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, arquivou três pedidos de investigação da evolução patrimonial do petista.
Quanto à senadora Gleisi Hoffmann (PT), que assumiu ontem o cargo deixado por Palocci, Pamplona destaca a escolha da presidente Dilma Rousseff (PT) como positiva. “A indicação foi recebida com muita aceitação. Ela é uma companheira de grande competência. Uma pessoa de credibilidade para ficar à frente da Casa Civil”, afirma.
Para Luiz Cláudio, a maneira como Palocci se posicionou esclarece tudo que foi colocado pela mídia - deixando muito a desejar -, trouxe uma situação incômoda e insustentável para o governo federal. “A sociedade teve um papel importante, pois houve indignação geral por parte de sindicados, regionais partidárias e até de aliados políticos”, coloca. Luiz Cláudio ainda defende a apuração das denúncias que vieram à tona sobre o crescimento patrimonial do ex-ministro. “Não podemos deixar que isso termine com esta troca de comando. Ainda existem esclarecimentos a ser dados à sociedade”, fala.
Para ele, a presidente vinha se silenciando sobre os questionamentos do patrimônio do então ministro por falta de opinião política. Ao nomear Gleisi Hoffmann, o tucano acredita que Dilma busca ter as rédeas do governo tentando se desvencilhar da sombra deixada pelo ex-presidente Lula - que defendia a permanência de Palocci.
Ressaltando que a Casa Civil é uma das pastas mais importantes do Governo Federal, Luiz Cláudio lembra ainda que todos aqueles que ocuparam o cargo – com exceção da própria presidente – trouxeram desgastes e “muitos problemas”, citando nominalmente José Dirceu, Erenice Guerra e, agora, Antônio Palocci. “Este é uma situação onde devemos refletir quanto à gestão petista”, avalia.
Sobre a nova chefe da Casa Civil, ele acredita que a senadora é uma das apostas de Dilma, porém questiona o fato de Gleisi Hoffmann ser esposa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, avaliando que a escolha foi limitada por falta de quadros no PT.