Reviravolta surpreendente adiou por pelo menos mais 15 dias a votação do projeto de emenda à Lei Orgânica do Município que institui a ficha limpa para os cargos da administração direta e indireta da Prefeitura e da Câmara. Um pedido de vistas do primeiro-secretário da Mesa Diretora, professor Godoy (PTB) – acatado pela maioria dos seus pares –, retirou a matéria da pauta, provocando indignação em seus autores, à exceção de Jorge Ferreira (PMN), que sequer votou contra a iniciativa do petebista.
Para o vice-presidente da Casa e mentor da proposição, Itamar Ribeiro de Resende (DEM), o ofício do PMDB orientando a bancada a votar contra a ficha limpa – que circulou anteontem no plenário – “fez um mal danado para todo mundo”. Ele suspeita de que a iniciativa seja para salvar alguém no Governo, mas considera que o Legislativo corre o risco de cair no descaso porque a sociedade clama por transparência, seriedade e honestidade. O democrata também desconfia de um intenso trabalho nos bastidores para inviabilizar a votação, citando que até a véspera seus pares estavam afinados para aprová-lo.
Para ele, a atitude do colega Jorge Ferreira foi surpreendente e, embora considere o pedido de vistas como legitimo, diz que Godoy não foi feliz com a sua atitude. “Esse projeto vem dar transparência à política local e não para perseguir quem quer que seja”, reforça Itamar, questionando até quando “vamos conviver com falcatruas e rolos. Saio daqui muito chateado, não digo magoado, porque mágoa é muito forte, mas tem dois meses que estou andando com esse projeto e esperava votá-lo nesta terça”, disse.
Os outros três coautores da matéria, Samuel Pereira e Almir Silva – ambos do PR – e Marcelo Borjão (PMDB), além do segundo-secretário da Mesa, João Gilberto Ripposati (PSDB), tentaram derrubar o veto, mas foram voto vencido. Professor Godoy justificou-se afirmando que a Câmara não pode atropelar o que não está pacificado no Supremo, ou seja, nem mesmo a mais alta Corte do País tem um entendimento fechado sobre a lei da ficha limpa nacional. Por esse motivo o petebista teme que se a Casa aprovar a legislação municipal, seu resultado seja inócuo. “Não podemos ter pressa. A sociedade nos atribuiu uma tarefa que tem que ser feita com lucidez para não cometermos equívocos”, ponderou.
Já Itamar diz que vai até o fim com o projeto, que, pelos prognósticos, só deve voltar ao plenário em julho, já que as reuniões deste mês terminam na segunda (20). Por se tratar de emenda à LOM, a proposição tem que ser apreciada em dois turnos, com um intervalo de dez dias úteis entre uma votação e outra.