Voluntários denunciam problemas na merenda de creches comunitárias em Uberaba

Voluntários de creches comunitárias de Uberaba relatam problemas na distribuição de alimentos para a merenda das crianças. Segundo as denúncias recebidas, há inconsistências entre os cardápios estabelecidos e os produtos efetivamente entregues, além de questionamentos sobre a quantidade e qualidade dos alimentos.

Conforme os relatos, a quantidade de comida distribuída é insuficiente para atender a demanda. Em um dos casos reportados, foram enviados apenas três litros de óleo, seis pacotes de feijão e dois pacotes de sal, quantia considerada inadequada para suprir as necessidades das crianças. Outro ponto levantado pelos voluntários é a ausência de determinados produtos. No cardápio, consta a previsão de leite com achocolatado, mas o achocolatado não foi entregue. Quando questionada, a resposta recebida foi de que a creche deveria buscar doações para suprir os alimentos em falta.

Ainda sobre a quantidade, os denunciantes relatam que, embora a carne não falte, as crianças não podem repetir a refeição. Normalmente, cada criança recebe apenas uma coxinha de frango ou um pedaço de carne suína ou bovina. A qualidade dos alimentos também é alvo de críticas. Segundo os voluntários, sucos não podem ser adoçados sob o argumento de que o açúcar faz mal à saúde, mas bolachas com elevado teor de açúcar são distribuídas, contradizendo a justificativa.

Outro ponto de insatisfação é a dificuldade de comunicação com a nutricionista responsável. Segundo os relatos, ela não responde aos questionamentos e adota uma postura arbitrária nas decisões referentes à alimentação das crianças.

Prefeitura nega insuficiência e restrição de alimentos

Diante das denúncias, a reportagem questionou a Secretaria Municipal de Educação (Semed) sobre as irregularidades apontadas. Em resposta, a pasta afirmou que o monitoramento da entrega de alimentos às Organizações da Sociedade Civil (OSCs) segue a legislação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), levando em consideração a quantidade de alunos atendidos. A Semed destaca que cabe às OSCs a atualização dos dados das crianças matriculadas e que a Seção de Alimentação Escolar calcula as entregas conforme determina a lei.

Sobre a quantidade de alimentos, a secretaria garantiu que os produtos distribuídos estão de acordo com o per capita definido pela legislação e negou haver insuficiência na distribuição. A pasta também reforçou que o cardápio é elaborado e monitorado por nutricionistas, respeitando diretrizes nutricionais, incluindo a proibição do açúcar para crianças de 0 a 3 anos e o controle do uso de ultraprocessados.

Em relação às restrições apontadas, a Semed afirmou que não há orientação para limitar repetições na alimentação e que, caso haja necessidade de ajuste nas quantidades, as OSCs devem comunicar a Seção de Alimentação Escolar para que uma eventual adequação seja feita com base em critérios técnicos e comprovação da necessidade.

Comissão de Educação

A reportagem acionou também a vereadora Rochelle Gutierrez, que é a presidente da comissão de educação da Câmara Municipal de Uberaba. Ela relatou ter conversado com a secretária Juliana Petek ontem sobre o assunto e ponderou que muitas instituições recebem mais alunos do que os conveniados com a Prefeitura. Nesse sentido, cabe ao Município somente a subsistência, ou seja, o envio da merenda, para os alunos que são assistidos pelo governo, cabendo à instituição prover a alimentação dos demais, de acordo com a própria capacidade. 

Rochelle ainda ponderou que os critérios de escolha da merenda estão embasados nas legislações vigentes, inclusive o Plano Nacional de Alimentação Escolar. Alguns alimentos, no entanto, enfrentam dificuldades de abastecimento, como é o caso do óleo, citado pela reportagem como insuficiente e que, mesmo com processos licitatórios lançados, o abastecimento está comprometido em todo o município.

A parlamentar se prontificou a confirmar o quantitativo de vagas ofertadas às organizações da sociedade civil e acompanhar o caso.