Câncer de intestino ganha holofotes com o caso da cantora Preta Gil

O diagnóstico de câncer de intestino da Preta Gil, no começo de janeiro, reacendeu os holofotes para a doença que é a segunda de mais impacto em homens e mulheres de todo o mundo. Em entrevista exclusiva à Rádio JM, o oncologista Raul Dutra explicou sobre os sintomas, o tratamento e a prevenção do câncer e revelou que a incidência está diretamente ligada aos hábitos de alimentação.

De acordo com o especialista, o de intestino aparece em segundo lugar na lista de cânceres mais comuns em homens e mulheres, ficando atrás apenas dos casos de próstata e mama, respectivamente. Além disso, o que também preocupa a comunidade científica é o aumento da incidência na população mais jovem, em uma tendência potencialmente mais nociva.

“Antes tínhamos estatísticas de que a maioria dos pacientes tinham mais de 60 anos, e agora vemos pacientes jovens com diagnóstico da doença. E é um dos motivos de as sociedades brasileira e americana anteciparem os exames de rastreio. Antes era para os 50 anos, para fazer o primeiro exame de colonoscopia, e hoje, seguindo os protocolos, adiantamos cinco anos. A partir de 45 anos já é preconizado começar o rastreio de câncer de intestino”, informou Raul Dutra.

E o principal motivo suspeito dessa tendência é a alimentação. A preferência por alimentos embutidos, processados e industrializados, como salsicha, presunto e peito de peru, aumenta o risco de desenvolver os sintomas do câncer. O necessário, segundo o especialista, é alcançar um equilíbrio. Não é preciso denominar um alimento como vilão, mas sim ter uma base de nutrição in natura, ou seja, de produtos vendidos diretamente da natureza.

Outras situações que potencializam o câncer de intestino já são conhecidas, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo exagerado de bebidas alcoólicas e refrigerantes. Então é importante manter-se ativo e balanceando os alimentos ingeridos.

Como explica o oncologista, infelizmente os sintomas do câncer aparecem quando a doença está em estado avançado. No caso da Preta Gil, por exemplo, ela teve dores abdominais e quase uma obstrução intestinal. E somente no hospital foi detectado o tumor em estado avançado. 

Por isso a importância de manter os exames em dia e procurar suporte adequado no intervalo de tempo correto. “Se a gente antecipa e começa a fazer os exames de rastreio no protocolo adequado, no exame de colonoscopia, de baixo risco e, de certa maneira, de fácil acesso, conseguimos pegar a doença inicial e no próprio exame enxergar um pólipo. Essa parte já é ressacada na hora e não precisa de cirurgia. Se estiver um pouco maior, faz a cirurgia, mas não precisa de quimio, são maneiras de evitar um quadro pior”, esclarece o médico.

“De maneira geral, o melhor exame para rastreamento é a colonoscopia. Mas sabemos que nem sempre é possível. Então preconizamos fazer o exame de sangue nas fezes uma vez por ano. A colonoscopia, a primeira vez aos 45 anos. Se o paciente tiver o intestino limpo, repete só daqui três anos. Se for identificado algum problema, tem que repetir de ano em ano, até parar de aparecer pólipo. Se algum parente tiver o câncer de intestino, é preciso começar os exames com 40 anos”, disse Raul Dutra.

É preciso estar atento ao ritmo intestinal. Não há receita ou padrão de como um intestino saudável deve funcionar, mas se for identificado alguma mudança brusca nos horários, é hora de preparar os documentos para identificar o motivo. “Não é todo mundo que tem que ir uma vez por dia. Tem que conhecer o próprio organismo, e se tiver mudança no padrão atual, tem que procurar apoio”, finalizou o oncologista.