
Em Minas Gerais, entre janeiro e setembro deste ano, foram registradas mais de 10 mil internações por AVC e quase 9 mil por infarto (Foto/Divulgação)
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o cardiologista Raelson de Lima Batista explicou como reconhecer os primeiros sinais de AVC e infarto — duas das principais causas de morte no país — e reforçou que a rapidez no atendimento é determinante para evitar sequelas graves ou até a morte. A fala do médico ocorre em um momento em que doenças cardiovasculares continuam avançando no Brasil: somente em Minas Gerais, entre janeiro e setembro deste ano, foram registradas mais de 10 mil internações por AVC e quase 9 mil por infarto, segundo dados do Ministério da Saúde.
Raelson destaca que muitas pessoas confundem os sintomas e acabam perdendo tempo precioso para salvar vidas. No caso do AVC, os sinais costumam surgir de forma súbita: perda de força em um dos lados do corpo, queda de objetos das mãos, boca torta, dificuldade para falar ou caminhar. “Tenho paciente que, no meio de um jantar, simplesmente não conseguiu mais erguer o braço. E quanto mais tempo passar, menor será a chance de recuperar. Existem terapias hoje que, se feitas de imediato, dentro das primeiras horas, revertemos completamente essa paralisia em minutos, desde que o paciente procure atendimento médico o mais rápido possível em uma emergência”, explica o especialista.
Já o infarto apresenta características distintas. Segundo o cardiologista, a dor costuma ser opressiva ou semelhante à queimação no centro do peito, podendo irradiar para a mandíbula ou o ombro esquerdo, frequentemente acompanhada de suor excessivo, náuseas e vômitos. Nem sempre está ligada ao esforço físico, o que dificulta o reconhecimento.
Ele lembra que muitos pacientes confundem o quadro com gases ou problemas gástricos. “Há casos de pacientes que começaram com dor no peito, acham que é gases e não procuram um médico. Essa dor vai piorando, passam às vezes a noite toda infartada, e tem a sorte de chegarem vivos a um pronto-socorro no dia seguinte”, conta o médico.
Dados recentes evidenciam gravidade
Até outubro deste ano, o Brasil registrou mais de 70 mil internações por infarto e cerca de 80 mil por AVC, mantendo ambas as doenças entre as principais causas de morte evitável. Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2023, o país registrou 94.008 mortes por infarto, número que caiu para 93.641 em 2024. Já os óbitos por AVC chamam atenção pelo avanço: em 2024, foram 192.220 vítimas, mais de quatro vezes o total contabilizado no ano anterior.
Em Minas, os registros acompanham a tendência nacional. Conforme dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), no primeiro semestre de 2025, o estado registrou 9.893 internações por infarto agudo do miocárdio, resultando em 3.437 óbitos. No mesmo período, foram contabilizadas 10.378 internações por AVC, com 2.030 mortes.
Para Raelson, educação em saúde e conscientização da população são tão fundamentais quanto o sistema de atendimento. “Se você sabe distinguir os sintomas, consegue agir rápido. Quando começam os sinais de AVC ou infarto, ligar para o socorro ou procurar um hospital imediatamente pode ser a diferença entre a recuperação e a morte”, conclui.