O crescimento normal durante a adolescência inclui a maturação sexual e um aumento do tamanho do corpo. Essas alterações são individuais e seus fatores, determinantes do ritmo e velocidade de crescimento na fase de puberdade, são vários. De acordo com especialista, a puberdade natural tem início, considerado normal, após os 8 anos em meninas e os 9 em meninos. Para o endocrinologista pediatra Frederico Costa Nunes, os afrodescendentes têm uma tendência a iniciar o processo da puberdade mais cedo. “É um conjunto de fatores genéticos e ambientais que determinam. As variações são muito grandes, principalmente em uma população miscigenada como a brasileira. Mas uma boa alimentação, prática de esportes, dormir bem e cuidados básicos de saúde e higiene, sem dúvida, influenciam e ajudam no aproveitamento de todo o potencial genético”. Nunes ressalta que a puberdade precoce tem como principal preocupação a diminuição da estatura final das crianças e os impactos psicossociais que pode causar. “Quanto aos danos à saúde, deve-se levar em conta que em meninas é geralmente sem causa aparente, já em meninos as causas orgânicas são bem mais frequentes, devendo-se fazer uma investigação eficiente, principalmente na parte neurológica, na busca de tumores, malformações congênitas e doenças adquiridas”. Riscos. O endocrinologista pediatra revela que alguns mitos ainda envolvem esse assunto. “Acho que o principal mito ainda é em relação às meninas. Colocar como preocupação principal o medo, do ponto de vista psicossocial, apenas da primeira menstruação precoce. Mas a preocupação é mais ampla. Existe um prejuízo de estatura, risco de abuso sexual, gestações indesejadas e até um risco maior de câncer de mama”, explica. Por isso, influências socioculturais, como programas de televisão, jogos e mesmo as relações sociais podem estar envolvidas. “Acredita-se que estímulos visuais de TV, internet e outros veículos podem influenciar no início da puberdade, mas nada muito significativo e que vá prejudicar a saúde e estatura final da criança. A única preocupação é com o crescente aumento da precocidade das relações sexuais”, ressalta. A obesidade infantil também oferece influências negativas ao desenvolvimento da maturidade. “Crianças obesas têm uma tendência a amadurecerem sexualmente mais cedo. Hoje, sabe-se que um hormônio chamado leptina, produzido pelas células de gordura, que está aumentado nos obesos, tem um papel no estímulo mais precoce da puberdade”. Tratamento. Segundo Nunes, a puberdade precoce não tem prevenção, “Apenas acompanhe de perto o desenvolvimento da criança e leve-a a um especialista caso veja que está fora dos padrões”. Não há como prevenir, mas quanto mais cedo for o tratamento, baseado na aplicação mensal de hormônios CNRH, atuantes nos ovários e testículos, maior a eficácia. “Esses medicamentos bloqueiam a puberdade. E, quando suspensos, a criança recomeça seu desenvolvimento na idade adequada. São fornecidos pelo estado, já que são de alto custo. Já nos casos em que a causa é orgânica, deve-se primeiramente tratar a doença ou a alteração que está causando a precocidade sexual”, explica.