DADOS

Agosto Lilás: dados do Estado mostram quem são as mulheres vítimas de violência em Uberaba

Até agosto deste ano, 569 mulheres vítimas de violência foram atendidas no SUS em Uberaba; são 872 ocorrências contabilizadas pela Polícia Civil no mesmo período, com cinco feminicídios confirmados

Joanna Prata
Publicado em 19/08/2025 às 15:41Atualizado em 19/08/2025 às 15:51
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No mês em que se intensificam as ações de enfrentamento à violência de gênero, dados da Secretaria Estadual de Saúde e da Polícia Civil revelam um cenário preocupante em Uberaba. Somente em 2025, até agosto, o SUS registrou 569 atendimentos de mulheres vítimas de violência, enquanto a Polícia Civil contabilizou 872 ocorrências até junho. Entre esses casos, cinco feminicídios já foram confirmados.   

Em Uberaba, a mulher vítima de violência tem rosto, idade e endereço. A maioria das vítimas está na faixa de 20 a 39 anos, fase da vida em que muitas já são mães, chefes de família ou estão em início de carreira. Só nesse grupo, foram 234 casos registrados em 2025 pelo SUS. Mas o drama começa ainda mais cedo: 69 meninas com até 9 anos e outras 125 adolescentes também entraram nas estatísticas, revelando que a violência atravessa gerações. 

Na maioria das vezes o agressor está muito próximo. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, mais de 90% das ocorrências aconteceram dentro de casa — o espaço que deveria ser sinônimo de segurança acaba se transformando no cenário da violência. E, em mais da metade dos registros, a agressão não é um episódio isolado, mas se repete, prendendo a vítima em um ciclo difícil de ser rompido.   

Quando se olha para o tipo de violência, a força física continua predominante, com 209 casos confirmados pelo SUS. Em seguida, aparecem os episódios de violência autoprovocada, que somaram 196 registros, mostrando como a dor emocional muitas vezes se converte em ferimento contra si mesma. A violência psicológica foi responsável por 126 ocorrências, e a sexual atingiu 133 mulheres, a maioria delas violentadas dentro do próprio lar.   

O perfil das vítimas também chama atenção: quase metade se declara parda e 1,79% são pessoas transgênero, grupo que enfrenta múltiplas camadas de vulnerabilidade. Do outro lado, os dados da Secretaria Estadual de Saúde revelam que os agressores ainda são, em sua maioria, homens — mais de 300 identificados apenas neste ano. Nas ocorrências de violência sexual, a diferença é ainda mais gritante: para cada mulher acusada, há mais de dez homens apontados como autores.  

Além dos números, Uberaba tem buscado estratégias para combater o problema em várias frentes. A Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres e o Centro Integrado da Mulher (CIM) têm desenvolvido ações de conscientização junto a grupos masculinos, promovendo debates sobre respeito nas relações e sobre as diferentes formas de violência. A proposta é atuar também na prevenção, estimulando mudanças de comportamento e novas práticas sociais.  

Outro avanço foi a criação do Protocolo de Atendimento à Mulher Vítima de Violência Sexual, publicado recentemente pela Secretaria de Saúde no Porta-Voz. O documento orienta profissionais para que o atendimento seja humanizado e não revitimizador, garantindo acesso à informação, tratamento especializado e respeito aos direitos das mulheres. No CIM, as vítimas encontram acolhimento psicossocial, orientação jurídica e encaminhamentos. O espaço funciona na Rua Luiz Próspero, 242, e também abriga a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. Além disso, a rede de proteção inclui canais como o 180, para denúncias e orientações, e o 190, em casos de emergência.

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