Obras iniciaram nesta quinta-feira (4), após notificação da Prefeitura de Uberaba e também ação judicial protocolada pelo vereador Marcos Jammal
Após meses em tratativas com a Prefeitura de Uberaba, a VLI iniciou as obras no viaduto da Claricinda nesta quinta-feira (4) (Foto/Leitor JM)
Após grande expectativa da comunidade local, obras do viaduto sobre a avenida Claricinda Alves de Rezende começaram nesta quinta-feira (4). A responsabilidade pela execução da obra foi alvo de diversos questionamentos desde a interdição, no dia 10 de julho. Contudo, em nota enviada ao Jornal da Manhã, a empresa ferroviária confirmou sua responsabilidade pela execução da obra, que deve ser concluída até o fim de setembro. O início das obras ocorre após a Prefeitura de Uberaba subir o tom contra a VLI, que também foi alvo de ação judicial proposta pelo vereador Marcos Jammal (PSDB), para a interdição total da estrutura até que as obras fossem concluídas, o que impactaria diretamente na operação da multimodal, uma vez que, apesar de o tráfego de veículos ter sido impedido, o de trens seguia inalterado desde a interdição da estrutura.
A interdição do viaduto da Claricinda é alvo de revolta por parte de moradores do entorno, sobretudo motoristas e usuários do transporte coletivo de Uberaba, diretamente impactados pela interdição do trânsito. Isso porque desde a interdição estão sendo necessárias rotas alternativas para o tráfego de veículos, o que não atingiu o de trens, em contrapartida.
Citando portaria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a VLI informou ao Jornal da Manhã que, embora a responsabilidade seja da Prefeitura de Uberaba, "diante da atual situação emergencial e excepcional, a VLI assumirá a execução das obras necessárias para a reparação do viaduto, com o ressarcimento posterior dos custos por parte da prefeitura pela realização da obra", diz trecho da nota. A companhia ferroviária ainda acrescenta que "obras serão iniciadas nesta quinta-feira e a previsão é de que sejam concluídas até o final do mês do setembro".
O tráfego de trens pelo viaduto foi alvo de questionamentos de ouvintes da Rádio JM desde o início da interdição. Ao JM News, o secretário de Serviços Urbanos e Obras, Pedro Arduini, no entanto, explica que a decisão de suspender a circulação de pedestres e veículos por baixo do viaduto foi tomada pela pasta a fim de garantir a segurança da população. Ele ressalta que, apesar de haver contrato garantindo que a responsabilidade de manutenção do viaduto recaia sobre a Prefeitura, é a VLI quem reúne expertise suficiente para que a obra aconteça de forma segura e eficaz, além de ser um processo de contratação mais rápido do que uma possível licitação deflagrada pela administração municipal.
Ainda no que tange à responsabilidade contratual, Arduini ressalta que, no momento de execução inicial da obra, a Prefeitura se comprometeu a ressarcir a VLI por possíveis prejuízos, caso as composições férreas ficassem impedidas de circular. “Esse compromisso da Prefeitura com a VLI de ressarcimento do serviço está mantido. O valor da obra é de, aproximadamente, R$ 450 mil, porque a recuperação da estrutura não é algo simples”. Assim, aliado à tentativa de solucionar o caso de forma amigável e célere, a interdição total da estrutura não foi solicitada inicialmente. O secretário, detalhou a complexidade da negociação, dizendo que ainda não havia dado mais detalhes por receio de atrapalhar o andamento dos acordos com a VLI.
Inicialmente, a previsão era que a obra fosse entregue no fim de agosto, sendo postergada para o fim de setembro. Após o início das obras, a expectativa é que as intervenções durem até 30 dias.
VLI x Uberaba
Ainda em agosto, a concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) foi renovada por mais 30 anos com a VLI. Contudo, a relação entre a companhia e a cidade de Uberaba já esteve em melhores condições.
Segundo informações repassadas pelo advogado Arnaldo Bizinoto, diretor do Departamento de Posturas, ao JM News, a VLI foi autuada em mais de R$ 2,5 milhões por falta de limpeza e cercamento da área que é responsável. Na edição do dia 31 de julho do Porta-Voz, diário oficial do Município, a multimodal recebeu prazo de 30 dias para apresentar defesa pelas infrações citadas.
Dias antes, no entanto, incêndio às margens da linha férrea na rua Espanha, no bairro Fabrício, expôs situação de precariedade de cuidados. A grande quantidade de mato seco propiciou que as chamas se espalhassem rapidamente, tomando grandes proporções no local.
Outra situação envolvendo a relação entre a VLI e a cidade diz respeito justamente à passagem das composições férreas pelo bairro Fabrício. Isso porque a cancela que organiza o tráfego de veículos no local, hoje de responsabilidade da Prefeitura de Uberaba, poderá ser automatizada. Segundo a empresa informou à reportagem da Rádio JM, em julho, estão sendo realizados estudos técnicos para avaliar a melhor forma de sinalização a ser implantada na passagem em nível.
O assunto já havia sido cobrado pela prefeita Elisa Araújo, uma vez que a operação manual das cancelas gera um custo aproximado de R$300 mil por ano.