O custo da cesta básica em Uberaba teve aumento de 15,3% no período de um ano, entre março de 2024 e março de 2025. A conclusão faz parte de uma análise feita em cima da pesquisa realizada pelos alunos da Fazu, sob coordenação do professor Guilherme Roldão, dentro do projeto IPC-URA, que monitorou entre março e maio de 2024 e de março a junho de 2025 os preços praticados no comércio de Uberaba. O levantamento utiliza como base os menores valores encontrados em três supermercados da cidade e abrange alimentos, itens de higiene pessoal e de limpeza.
Entre os produtos que mais contribuíram para essa elevação estão os itens de higiene e limpeza, que registraram aumentos expressivos. O desinfetante 1L, por exemplo, praticamente dobrou de preço no intervalo de um ano: em março de 2024, custava R$ 12,99 e, em março de 2025, alcançou R$ 23,73. O papel higiênico, por sua vez, teve um salto ainda mais brusco: de R$ 10,49 (abril/24) para R$ 25,25 (março/25), o que representa um aumento de 140%. Já o xampu foi de R$ 30,89 para R$ 48,44 no mesmo período.
Nos alimentos, a tendência é mista, com variações de alta e baixa dependendo do produto. O açúcar refinado, por exemplo, teve um aumento contínuo: em abril de 2024, a média era de R$ 22,72; em março de 2025, passou para R$ 24,07; e, em abril de 2025, atingiu R$ 26,94. Em pouco mais de um ano, o açúcar acumulou alta de 18,5%. Já o arroz tipo 1 (5 kg) seguiu na contramão: de R$ 37,94 (abril/24), caiu para R$ 31,89 (março/25), o que representa uma redução de cerca de 16%. O tomate, por exemplo, quase dobrou de preço, com uma variação de 97,7%. Outros alimentos, como a batata (52,3%), a cenoura (46,1%) e o café (37,1%), também apresentaram elevações expressivas.
Outro produto de destaque é o café (250 g). Em abril de 2024, o preço médio era de R$ 19,48, subiu para R$ 24,99 em março de 2025 e chegou ao pico de R$ 36,39 em abril de 2025 — alta de mais de 86% em um ano. Essa oscilação pode estar ligada à instabilidade na produção e exportação do grão no Brasil, afetando diretamente os preços no varejo local.
O óleo de soja (900 ml) também acompanhou essa tendência de alta. Em abril de 2024, era vendido a R$ 11,02 em média, e passou a custar R$ 12,84 em março de 2025. Apesar de não ser o maior aumento percentual, o impacto é significativo, já que o óleo é um item presente na maioria das refeições. Outros produtos como macarrão espaguete, vinagre e extrato de tomate também registraram elevações moderadas, reforçando o encarecimento do preparo das refeições básicas. Além dos alimentos e produtos de higiene, os produtos de limpeza como o sabão em barra, o sabão em pó e a água sanitária também subiram. O sabão em pó, por exemplo, teve variações acima de 20% ao longo do período.
Por outro lado, a análise revela que alguns produtos registraram queda de preço, aliviando parcialmente a pressão no valor total da cesta. Entre março de 2024 e junho de 2025, os destaques foram o sabão em barra (–35,1%), o óleo de soja (–30,2%) e o leite (–16,2%). Essas quedas estão ligadas a fatores como sazonalidade, aumento de oferta e medidas de regulação de preços no mercado agrícola e industrial.
Além dos percentuais, o estudo chama atenção para o peso das escolhas do consumidor: optar por marcas alternativas ou por estabelecimentos com preços mais baixos se tornou estratégia essencial. A variação entre a cesta mais barata (R$ 240,96) e a mais cara (R$ 310,20) no mesmo mês, por exemplo, mostra uma diferença de quase R$ 70, o que representa mais de 25% de diferença apenas com base no ponto de compra.