Sistema busca garantir transparência, critérios técnicos e igualdade no acesso a leitos da rede pública de saúde
Cerca de três mil pacientes são regulados e transferidos mensalmente em Uberaba. O dado foi revelado pela coordenadora do Complexo Regulador Municipal, Tacimara Oliveira, em entrevista à Rádio JM. Segundo ela, o sistema atua como ferramenta de governança pública e transparência no acesso aos serviços hospitalares. Além da ocupação de leitos por transferência, cabe ao complexo, também, o transporte de volta a Uberaba de pacientes vítimas de urgência e emergências em outras cidades e até a conversão de leito de paciente particular para o SUS.
Tacimara explicou que o trabalho envolve a análise técnica dos laudos enviados pelos prestadores de serviço, que contêm informações médicas detalhadas sobre cada paciente. A partir desses dados, a equipe reguladora define o destino mais adequado e autoriza a transferência dos pacientes. “Nós não apenas transferimos. Também avaliamos os laudos, exames e prioridades, garantindo que cada paciente tenha o encaminhamento mais correto conforme a disponibilidade de leitos”, afirmou.
A coordenadora ainda destacou que o complexo também é responsável por casos de conversão de leito, quando um paciente que procurou atendimento em hospital particular solicita a mudança para o Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, o órgão realiza repatriações de uberabenses atendidos fora do município ou até mesmo em outros estados. “Já tivemos situações de pacientes com AVC ou infarto em viagem. Assim que o quadro permite, nossa equipe faz o transporte de volta para Uberaba, com apoio do setor de Transporte Sanitário”, explicou.
O médico regulador Adriano Jander ressaltou que, antes da criação do Complexo Regulador, eram os próprios hospitais que escolhiam quais pacientes seriam internados, o que gerava desigualdade. “Hoje todos são tratados de forma igual. O complexo define o destino do paciente com base em critérios técnicos e na gravidade do quadro, sem interferências externas ou privilégios”, afirmou.
Segundo Jander, o sistema também funciona em integração com o SAMU 192, que realiza o primeiro atendimento e encaminha os casos de maior complexidade diretamente às unidades habilitadas, como o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM). “Não existe ‘furar fila’. Tudo é feito conforme o nível de gravidade e a estrutura de cada prestador. A gente analisa todos os casos e o foco é garantir justiça e transparência na regulação”, explicou.
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