Esta semana passamos pela quinta onda de frio em Uberaba. Os termômetros marcaram as menores temperaturas do ano e chegaram a registrar 3,5°C na cidade e 1,8°C na Zona Rural, segundo a estação meteorológica da Fazu. Para se ter ideia, no ano passado, nesta mesma época, os termômetros marcavam mais de 35°C. O contraste é enorme e surpreendeu a população.
Segundo a climatologista Wanda Prata, esse frio intenso não é algo comum e está ligado a mudanças recentes na atmosfera. “Antes, o frio vinha do Polo Sul e seguia um caminho previsível até chegar aqui”, explica. “Mas agora, os ventos que trazem o frio estão bagunçados e circulam de formas diferentes pelo planeta.”
Vamos entender: antes, o frio vinha direto do Polo Sul. Imagine um cano por onde o ar frio descia de forma quase constante. Esse “caminho reto” fazia com que o frio chegasse aqui de forma previsível, e normalmente uma frente fria vinha de cada vez, com intervalos regulares.
Agora, Wanda Prata explica que o frio não vem mais por esse "cano reto". Ele passou a viajar por outras regiões do planeta, circulando por sistemas de alta pressão que começam na Ásia e se movem pelo mundo antes de chegar ao Brasil. É como se, em vez de descer direto, o ar frio fizesse um “caminho torto”, cheio de curvas, voltas e desvios.
Esse novo caminho faz com que o ar frio chegue em ondas diferentes: às vezes ele vem mais intenso, às vezes mais fraco, e pode até voltar depois de já ter passado. Por isso, em vez de uma ou duas frentes frias no inverno, agora temos várias ondas de frio acontecendo em sequência, sem padrão definido.
Além disso, como os ventos polares e jatos de ar estão desorganizados pelo calor acumulado no Equador, essas ondas não têm mais o “freio natural” que existia antes. O resultado é um inverno mais instável, com frio chegando e indo embora de forma inesperada.
Para a climatologista, essas mudanças tornaram o clima muito mais instável. “Não conseguimos mais prever o mês inteiro. Hoje só é possível ter uma previsão confiável para a semana. E isso significa que o inverno de 2025 terá ondas de frio imprevisíveis, algo que não estávamos acostumados a ver”, afirma Wanda.
Ela ainda lembra que a agricultura e o dia a dia da população são afetados por essas mudanças. “O ar frio e seco chega sem aviso, e a chuva demora ou vem em lugares diferentes. Por isso, todos precisam acompanhar a previsão do tempo de perto e se preparar para mudanças rápidas na temperatura”, finaliza.