Morte de crianças por meningite alerta para vacinação; Uberaba registra casos confirmados em 2025

A morte de duas crianças por meningite meningocócica tipo C, no Sul de Minas, reacendeu o alerta para uma doença grave e potencialmente fatal, que ainda circula no estado mesmo com vacinas disponíveis gratuitamente na rede pública. Em Uberaba, embora os números sejam menores que em anos anteriores, a doença segue presente e exige atenção da população, especialmente quanto à imunização.   

Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2025, o município registrou 36 casos de meningite, sendo 31 confirmados e um óbito, de uma pessoa entre 30 e 39 anos. Desse total, 19 foram de meningite bacteriana, que é a forma mais grave da doença, e três casos foram virais, dois deles em crianças de até 10 anos. A morte registrada em Uberaba também foi causada pela meningite bacteriana, o tipo que mais preocupa por sua rápida evolução e maior risco de sequelas e morte.   

A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por vírus, bactérias ou fungos. A meningite meningocócica, responsável pelas mortes de crianças em Extrema, é uma das formas bacterianas, provocada pela bactéria Neisseria meningitidis. Quando transmitida por contato próximo com secreções respiratórias, ela pode causar surtos e evoluir de forma rápida e agressiva. 

 De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), foram confirmados 46 casos de doença meningocócica em 2025 no estado. As duas mortes recentes no Sul de Minas ocorreram em crianças pequenas, o que reforça a importância da vacinação ainda na infância. A pasta destaca que todos os protocolos de vigilância e profilaxia foram adotados nas cidades afetadas, mas alerta para a necessidade de melhorar as coberturas vacinais em diversos municípios mineiros. 

 
Baixa cobertura vacinal   

Em Uberaba, a cobertura da vacina meningocócica C chegou a 81,23% até agosto, abaixo da meta estadual de 95%. A baixa adesão preocupa, principalmente entre crianças menores de 1 ano e adolescentes, faixas etárias que têm prioridade nas campanhas de imunização. A vacina está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), e a Secretaria reforça que pais e responsáveis devem manter a caderneta de vacinação em dia.   

As vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) protegem contra os principais tipos de meningite bacteriana. A meningocócica C (conjugada) é aplicada aos 3 e 5 meses de idade, com reforço aos 12 meses, quando passa a ser substituída pela meningocócica ACWY, que amplia a proteção contra outros sorogrupos da bactéria (A, C, W e Y). Já a meningocócica B, disponível na rede privada, protege contra outro subtipo do meningococo e pode ser aplicada a partir dos dois meses de idade.   

Além das meningocócicas, a vacina pneumocócica — também ofertada pelo SUS — ajuda a prevenir casos de meningite causados por Streptococcus pneumoniae, outra bactéria que pode provocar a doença, sobretudo em crianças e idosos. As vacinas não protegem contra a forma viral, que costuma ser mais leve e de recuperação espontânea, mas reduzem significativamente os riscos das versões bacterianas, que são as mais graves.