TEMA SENSÍVEL

Números alarmantes: Uberaba vive recorde histórico de suicídio em 2025

Joanna Prata
Publicado em 20/11/2025 às 15:53Atualizado em 21/11/2025 às 09:12
Compartilhar

Falar sobre suicídio nunca é fácil, mas o silêncio também adoece. Até 7 de novembro de 2025, Uberaba já havia registrado 32 mortes por suicídio, o maior número desde o início da série histórica da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), em 2010. São, em média, quase três mortes por mês, índice que supera os óbitos por dengue (19) e por Síndrome Respiratória Aguda Grave (13) neste ano, mostrando que o sofrimento psíquico também é uma questão urgente de saúde pública que precisa ser encarada com a mesma urgência e estrutura que se dá a outras epidemias. 

Nos últimos anos, a cidade registrou 27 mortes em 2022, 26 em 2023 e 25 em 2024, revelando uma tendência preocupante de crescimento. As faixas etárias mais afetadas neste ano estão entre 20 e 29 anos e 40 e 49 anos, com oito casos cada, seguidas por 30 a 39 anos (5 registros). O perfil das vítimas reforça o peso do sofrimento emocional entre pessoas em idade produtiva, com reflexos profundos para famílias e comunidades. 

Além das mortes, o município contabiliza 271 notificações de tentativa de suicídio em 2025. O dado revela que a dor começa cada vez mais cedo: houve registros inclusive entre crianças com menos de 10 anos e adolescentes, o que acende um alerta sobre a necessidade de atenção precoce. O grupo de 20 a 39 anos concentra a maior parte das ocorrências, evidenciando que jovens adultos são os mais vulneráveis. 

Durante o Setembro Amarelo, a rede municipal de saúde mental intensificou os atendimentos, realizando 9.314 procedimentos e acolhendo 1.867 pacientes nas unidades Caps Adulto, Caps Infantojuvenil, Inácio Ferreira e no Sistema de Informação de Ações Psicossociais (Siap). Segundo a Secretaria de Saúde, a mobilização permitiu zerar a fila de espera por atendimento psicológico, um avanço que precisa ser mantido e ampliado. 

O Núcleo de Enfrentamento da Violência e do Abuso Sexual (Nevas) também teve papel relevante, acolhendo 334 crianças e adolescentes vítimas de violência, fator que frequentemente se conecta a traumas emocionais graves e pode aumentar o risco de comportamento suicida. 

Para o psicólogo Sérgio Marçal, diretor de Atenção Psicossocial da Secretaria de Saúde, o suicídio “raramente é um desejo de morrer, mas uma tentativa de acabar com uma dor emocional insuportável”. Ele explica que o cuidado com a mente deve ser visto como prevenção, assim como acontece com doenças físicas. “Buscar ajuda é um ato de coragem e amor à vida. Há profissionais e recursos. A vida depois da dor é possível e vale a pena”, afirma. 

Onde buscar ajuda 

Quem enfrenta sofrimento emocional pode procurar apoio gratuito e sigiloso no Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo número 188 ou no site cvv.org.br, disponível 24 horas por dia. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por