Boletim epidemiológico mais recente confirmou a morte de um menino de apenas 7 anos por dengue em Uberaba
Atualmente, circulam quatro sorotipos da dengue no país. De acordo com o pediatra, o que tem predominado é justamente o que causa quadros mais graves (Foto/Reprodução)
O número de crianças internadas com dengue em Uberaba aumentou consideravelmente nos últimos meses. Segundo o pediatra Sandro Penna, ao menos 30% das internações registradas nos últimos cinco meses são de crianças acometidas pela doença. O dado acende um alerta sobre o impacto da dengue no público infantil, especialmente diante da circulação de um sorotipo mais agressivo do vírus.
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Em entrevista ao JM News, na Rádio JM, o Sandro Penna destacou que a temporada sazonal da dengue, iniciada em dezembro, intensificou o cenário de internações, sobrecarregando os serviços de saúde. “Este novo sorotipo do vírus, que está circulando em Uberaba e no Brasil todo, já tem uns três anos de incidência. Ele está acometendo crianças com uma certa gravidade que a gente não tinha visto ainda com outros vírus da dengue em anos anteriores”, revelou.
Atualmente, circulam quatro sorotipos da dengue no país. De acordo com o pediatra, o que tem predominado é justamente o que causa quadros mais graves. “Estamos vendo crianças com quedas bruscas de plaquetas, sangramentos e, em muitos casos, inflamação do fígado, a hepatite, o que agrava ainda mais a situação”, contou.
Penna ainda explicou que não há medicamentos específicos para combater a dengue. O tratamento é baseado em cuidados paliativos, como hidratação intensa, uso de analgésicos e acompanhamento médico contínuo. “A maioria das complicações pode ser amenizada com hidratação. O problema é quando a criança começa a vomitar, perde o apetite por conta da inflamação no fígado e não consegue se manter hidratada em casa. Aí precisa internar”, completou.
Desde maio de 2024, a vacina contra a dengue está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Uberaba para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária com maior incidência entre os mais jovens. A imunização é feita em duas doses, com intervalo de três meses entre elas, e tem como objetivo reduzir hospitalizações e óbitos pela doença. Segundo Penna, a vacina tem de 70% a 80% de eficácia contra as formas graves da dengue. “Você pode até pegar dengue, mas a chance de desenvolver um quadro grave é bem menor”, reforçou.
Além da rede pública, a vacina também está disponível na rede particular para pessoas de 4 a 60 anos, conforme autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Zika e chikungunya também circulam
Apesar da predominância da dengue, o pediatra Sandro Penna alertou que zika e chikungunya também estão em circulação em Uberaba. Segundo ele, durante surtos como o atual, os serviços de saúde não costumam isolar o vírus em todos os casos, já que os exames são caros e o tratamento é semelhante para as três arboviroses.
“Quando a gente está em uma epidemia, só pedimos exames mais específicos em situações fora do padrão. O tratamento é praticamente o mesmo nas fases agudas: hidratação, controle da febre e monitoramento dos sintomas”, explicou o médico. Casos confirmados de zika ou chikungunya em crianças já foram registrados na cidade, mas em menor escala.