
No trecho que envolve Uberaba, Sacramento, Fronteira e Planura, os especialistas identificaram que praticamente toda a área ao norte do Rio Grande apresenta características típicas do Cerrado (Foto/Reprodução)
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na última semana uma revisão dos limites dos biomas Cerrado e Mata Atlântica que confirma, de forma mais precisa, o predomínio do ambiente savânico no Triângulo Mineiro — incluindo Uberaba — e amplia oficialmente a área do Cerrado na região. O estudo ajusta 1,8% a mais ao Cerrado e reduz 1% da Mata Atlântica, redefinindo quase 20 mil km² entre Minas Gerais e São Paulo com base em critérios técnicos e não em desmatamentos ou regeneração florestal.
No trecho que envolve Uberaba, Sacramento, Fronteira e Planura, os especialistas identificaram que praticamente toda a área ao norte do Rio Grande apresenta características típicas do Cerrado, com domínio de savanas e apenas pequenas faixas de Mata Atlântica em zonas de relevo mais acidentado e úmido. A confirmação reforça o enquadramento ambiental do município dentro do bioma de savanas, influenciando regras de licenciamento, delimitação de áreas de preservação e políticas de uso do solo na zona rural.
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil e é marcado por formações savânicas — um tipo de vegetação que combina árvores retorcidas, arbustos espaçados e um extenso estrato de gramíneas. As savanas do Cerrado se desenvolvem em áreas de clima tropical sazonal, com estações bem definidas de seca e chuva, o que molda sua flora adaptada a solos ácidos e à ocorrência natural de incêndios. Esse ambiente abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, com espécies exclusivas e papel essencial na recarga de aquíferos, já que seus solos profundos funcionam como grandes reservatórios naturais de água. Para regiões como Uberaba, estar inserida em um domínio savânico significa ter paisagens típicas do Cerrado, com forte influência desse regime climático e ecológico, além de regras próprias para proteção e uso sustentável do bioma.
A revisão integra um processo iniciado após a publicação de 2019, quando o IBGE lançou o material “Biomas e Sistema Costeiro Marinho do Brasil”, em escala mais detalhada. A partir dele, cinco expedições de campo visitaram áreas contestadas por entidades ambientais, especialmente no Nordeste Paulista e em regiões do Triângulo Mineiro, analisando vegetação, relevo, solos, geologia e clima. Em municípios como São Sebastião do Paraíso, Franca, Ribeirão Preto e Diamantina, foram observadas transições complexas entre florestas e savanas influenciadas por ciclos históricos de seca e umidade.
No centro-leste de Minas Gerais, a Serra do Espinhaço teve áreas reinterpretadas como Mata Atlântica devido à maior umidade do lado leste da cadeia, enquanto zonas mais altas — com Refúgios Vegetacionais — foram incorporadas ao Cerrado. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Mata Atlântica se expandiu para o noroeste da capital, abrangendo Belo Horizonte e municípios próximos, graças ao domínio florestal e fatores abióticos como altitude e tipo de solo.
Em São Paulo, as mudanças mais significativas ocorreram no centro-norte e no Noroeste Paulista, onde domina a Savana Florestada. A atualização também detalhou o limite oeste do corredor do Cerrado no Planalto do Rio Paraná. Segundo o IBGE, revisões semelhantes serão realizadas periodicamente, com previsão de atualização a cada cinco anos.