MOMENTO DE TRANSIÇÃO

Modelo SAF em xeque: empresário detona gestão de Textor no Botafogo e 777 Partners no Vasco

Publicado em 22/07/2025 às 07:49
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Fábio Melo disse que nas SAFs muitas ações poderiam ser consideradas violações sérias (Foto/FMS/Gestão Esportiva)

Fábio Melo disse que nas SAFs muitas ações poderiam ser consideradas violações sérias (Foto/FMS/Gestão Esportiva)

O futebol brasileiro vive um momento de transição, com investidores estrangeiros ganhando espaço por meio das SAFs. Mas, nem todos os movimentos têm sido bem recebidos. O empresário e ex-jogador Fábio Mello reacendeu o debate ao criticar duramente a conduta do empresário John Textor, dono da SAF do Botafogo.

Durante participação no podcast Sports Market Makers, Mello apontou que o Botafogo, mesmo ostentando os títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores, tem agido nos bastidores de forma perigosa para a credibilidade do esporte nacional.

Para ele, o clube alvinegro foi estruturado com bons profissionais, mas opera com práticas que beiram a irresponsabilidade. “Textor contratou nomes competentes, montou um time forte fora e dentro de campo. Mas o problema é o modelo. Contrata e não paga, e ainda é campeão”, disparou o agente.

Mello criticou o que chama de “ambiente permissivo” no futebol brasileiro. Segundo ele, a estrutura das SAFs permite ações que, em mercados mais regulados, seriam consideradas violações sérias.

O caso do zagueiro Jair foi citado como exemplo. Negociado do Santos para o Botafogo, o jogador sequer teve sua compra quitada antes de ser revendido ao Nottingham Forest. “Ele comprou, não pagou e vendeu. Como isso é possível?”, questionou Mello.

O empresário também fez questão de destacar a diferença de postura entre os clubes. “Flamengo, Palmeiras, Fortaleza… todos pagam em dia, até comissões. E perdem um campeonato para quem sequer honrou os acordos básicos”, lamentou.

Outro ponto levantado por Mello foi a falta de transparência no balanço financeiro do Botafogo. Segundo ele, há pouca clareza sobre dívidas, receitas e compromissos da SAF alvinegra, o que gera desconfiança no mercado.

Ainda mais grave, na visão do empresário, é a ausência de punições para quem age de forma questionável. “No modelo atual, pode-se contratar por cinco anos, não pagar o agente e depois tentar renegociar com desconto. Isso virou prática.”

Mello acredita que o cenário só vai mudar com uma legislação mais firme e fiscalização ativa. “Sem regras claras e punições reais, a porta vai continuar aberta para quem quer explorar o futebol sem compromisso”, afirmou.

As críticas não ficaram restritas a Textor. O empresário também mencionou a 777 Partners, grupo que chegou a controlar o Vasco, como outro exemplo de investidor estrangeiro que falhou em respeitar a realidade e as necessidades do futebol brasileiro.

Para ele, o que está em jogo não são apenas resultados ou troféus, mas a confiança no esporte como negócio. “Estamos falando da reputação de um campeonato inteiro. Não dá para normalizar essas práticas.”

Mello ressaltou que sua crítica não é contra o investimento estrangeiro em si, mas contra o desrespeito à ética de gestão. “Se o investidor vem, que venha com responsabilidade.”

A discussão reforça a necessidade de debater com profundidade os limites e obrigações das SAFs no Brasil. A ausência de mecanismos de controle pode transformar conquistas em suspeitas.

O caso Textor x Botafogo vira, assim, símbolo de um conflito maior: o embate entre a profissionalização prometida pelas SAFs e a falta de accountability na sua aplicação prática. Enquanto a bola rola, nos bastidores, as perguntas crescem: quem regula os donos? E até onde vale vencer?

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