A proximidade do verão, com o aumento da temperatura e a ocorrência de chuvas esporádicas — que podem elevar a umidade do ar — favorece a reprodução do carrapato-estrela, Amblyomma sculptum, principal vetor da febre maculosa em seres humanos. Minas Gerais já confirmou 29 casos da doença, incluindo quatro mortes. O Estado ainda investiga outros 13 casos suspeitos, conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
"Com a chegada da primavera, estação que antecede o verão, o ciclo de reprodução do carrapato é favorecido. Nesse período, os ovos, que estavam mais inativos, eclodem", explica a doutora Idelvânia Nonato, médica veterinária e professora do curso de Medicina Veterinária no Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH).
Essa condição climática, que favorece a maior proliferação de carrapatos, pode, segundo o veterinário Richer Gomes, levar ao aumento do número de casos de febre maculosa no estado. "Antigamente, a gente tinha mais bem definido o período das águas entre outubro e março. É nesse período que há maior concentração de carrapatos. Então, estamos apenas começando", indica.
Ainda segundo a professora Idelvânia Nonato, esses carrapatos finalizam seus ciclos em hospedeiros, no caso desse gêneros, são específicos de infestarem equinos e capivaras. No caso dos animais domésticos (como os equinos), pela proximidade com os seres humanos, a chance de infecção é maior, aumentando o risco de febre maculosa.
"O carrapato é o hospedeiro intermediário do agente patogênico que causa a febre maculosa. Quando ele parasita um animal doméstico, o controle é mais fácil de realizar. Já quando envolve um animal silvestre, como a capivara, esse monitoramento se torna mais complexo", destaca.
Cuidados
Conforme o levantamento da SES-MG, as quatro mortes confirmadas no estado foram registradas em Caeté (2), Matozinhos e Pedro Leopoldo. Diante dos óbitos, a pasta informou que realiza o monitoramento contínuo dos casos suspeitos e confirmados, promove capacitações periódicas para profissionais de saúde, divulga materiais técnicos e de orientação e apoia as ações municipais de vigilância e educação em saúde.
Para o veterinário Richer Gomes, a recomendação para a população, principalmente pequenos produtores rurais, é utilizar roupas de mangas compridas, calçados fechados e meias de cano alto em áreas de mata, pasto ou locais com presença de animais.
"Ao voltar de uma área de mata, é importante fazer uma inspeção no corpo, especialmente atrás das orelhas, entre os dedos e nas dobras do corpo, para verificar a presença de carrapatos. Isso é fundamental porque o tempo de transmissão da febre maculosa varia de 4h a 6h após o carrapato fixar-se na pele", destaca.
Além desses cuidados, os especialistas também recomendam a capina e limpeza regular de quintais e terrenos, bem como o uso de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme orientação veterinária. "No caso dos animais domésticos, existe um tratamento específico, com banhos que inibem a proliferação dos carrapatos. Já em relação aos animais silvestres, são feitos monitoramentos em parques e áreas onde há crescimento populacional identificado", finaliza Nonato.
Fonte: O Tempo.