A suspensão atinge centenas de milhares de funcionários públicos e deve custar cerca de US$ 400 milhões por dia (Foto/Reprodução)
O governo dos Estados Unidos iniciou um shutdown nesta quarta-feira (1º/10), após fracasso nas negociações entre o presidente Donald Trump e legisladores sobre o orçamento federal. A paralisação, a 15ª desde 1981, ocorre sete anos após o mais longo fechamento da história, que durou 35 dias.
A suspensão atinge centenas de milhares de funcionários públicos e deve custar cerca de US$ 400 milhões por dia. Estão em risco a divulgação do relatório de empregos de setembro, o funcionamento do tráfego aéreo, pesquisas científicas e o pagamento das tropas. Até 750 mil servidores podem ser colocados em licença sem remuneração.
O Senado rejeitou horas antes uma medida emergencial que manteria o governo funcionando até 21 de novembro. Democratas barraram o projeto por não incluir a extensão de benefícios de saúde que expiram no fim do ano. Republicanos argumentam que o tema deve ser discutido em separado.
O impasse envolve US$ 1,7 trilhão em financiamento para agências federais, cerca de um quarto do orçamento total de US$ 7 trilhões. A maior parte dos recursos restantes é destinada à saúde, aposentadorias e ao pagamento de juros da dívida pública, hoje em US$ 37,5 trilhões.
A Casa Branca sinalizou que a paralisação pode se estender, com ameaças de cortes permanentes no funcionalismo. Trump já havia anunciado planos de reduzir até 300 mil postos até dezembro.
Democratas acusam o presidente de usar o shutdown como instrumento político. “Tudo o que eles querem é nos intimidar. Não vão conseguir”, disse o líder democrata do Senado, Chuck Schumer. Já o republicano John Thune classificou o bloqueio como “pura política”, lembrando que projetos semelhantes foram aprovados no passado sem resistência.
Embora os republicanos controlem as duas Casas do Congresso, a aprovação do orçamento exige apoio de 60 senadores. Pelo menos sete democratas precisariam se somar à base governista, algo improvável em meio à polarização e à pressão das eleições legislativas de 2026.
Especialistas alertam que a crise pode se prolongar. Segundo Robert Pape, professor da Universidade de Chicago, o cenário político dos EUA, marcado pelo fortalecimento das alas mais radicais após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, dificulta qualquer recuo. “Cada lado teria que enfrentar dezenas de milhões de apoiadores agressivos. Isso torna um acordo extremamente difícil”, afirmou.