Ex-funcionários revelam rotina na mansão onde Hytalo Santos morava com adolescentes

Uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Trabalho da Paraíba, em conjunto com a Polícia Civil, trouxe novos relatos sobre a rotina do influenciador digital Hytalo Santos e de seu marido, Israel Nata Vicente. O casal foi preso em São Paulo na sexta-feira (15), acusado de tráfico de pessoas e exploração sexual de adolescentes. A reportagem foi exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (17).

A defesa afirma que os dois são inocentes, ressaltando que sempre colaboraram com as autoridades e classificando a prisão como uma medida “extrema”.

Depoimentos revelam bastidores

Ex-funcionários, que preferiram não se identificar, relataram que os jovens eram tratados como propriedade do influenciador, que controlava horários de alimentação, descanso e até o acesso aos celulares. Festas regadas a bebidas alcoólicas, disponíveis sem restrição, também foram citadas.

De acordo com os depoimentos, em alguns vídeos publicados nas redes, adolescentes apareciam a caminho da escola. No entanto, fora das câmeras, essa rotina não se confirmava. “Se houvesse alguma demanda, eles iam até a escola apenas para retirar a criança”, contou um dos ex-colaboradores.

Exploração nas redes sociais

Segundo denúncia do Ministério Público, famílias recebiam cerca de três salários mínimos para permitir que seus filhos vivessem na casa do influenciador, que chamava os adolescentes de “crias”. Os celulares eram recolhidos, de forma que apenas Hytalo pudesse produzir conteúdo, concentrando assim a audiência em suas páginas.

O Código Penal brasileiro considera tráfico de pessoas quando alguém é aliciado, comprado ou mantido com a finalidade de exploração sexual, trabalho análogo à escravidão, adoção ilegal ou remoção de órgãos.

Felca expõe o caso

A discussão sobre a exposição sexualizada de menores nas redes sociais ganhou repercussão após o influenciador Felca publicar, no dia 6, um vídeo denunciando a adultização de crianças e adolescentes. Segundo ele, o tema é pouco discutido por criadores de grande alcance.

Com mais de 17,7 milhões de seguidores no Instagram e 8,45 milhões no YouTube, Felca mostrou em 50 minutos como o algoritmo pode direcionar conteúdos de menores a pedófilos e entrevistou uma psicóloga especializada nos riscos da exposição digital. O vídeo já ultrapassa 43 milhões de visualizações.

As denúncias feitas pelo youtuber apontam diretamente Hytalo Santos, acusado de publicar vídeos de cunho sexual com adolescentes e manter uma convivência considerada imprópria com eles em sua residência.