ESQUEMA

PF vê indícios de tentativa de reprodução de fraude no INSS na Caixa Econômica Federal

O esquema teria sido concebido pelo diretor da Caixa Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, Heitor Souza Cunha, afastado do cargo nesta quinta (18/12)

Gabriel Ferreira Borges/O Tempo
Publicado em 19/12/2025 às 08:09
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PF descreve intenção de envolvidos nas fraudes do INSS em reproduzir "esquema semelhante" na Caixa Econômica Federal (Foto/Raffa Nedermeyer/Agência Brasil)

A Polícia Federal (PF) encontrou indícios de uma tentativa de reproduzir os descontos ilegais em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na Caixa Econômica Federal. As suspeitas constam em uma representação enviada pela PF ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça no âmbito da “Operação Sem Desconto”. 

De acordo com a PF, o objetivo seria envolver os clientes da Caixa Econômica Federal em um “esquema semelhante” ao do INSS. “Essa articulação indica a expansão do esquema ilícito para além do INSS. Os crimes envolveriam outra entidade da administração pública indireta federal, de modo a violar a confiança de consumidores bancários”, avaliou. 

A PF atribui a tentativa a Hélio Marcelino Loreno, um dos operadores de Antônio Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e ao ex-diretor-executivo da Caixa Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, Heitor Souza Cunha. Ambos são descritos como relevantes para manter as “estruturas empresariais e administrativas utilizadas pelo grupo”. 

A PF observou que investigados da “Operação Sem Desconto” se referiam a Hélio e Heitor como sócios no “negócio da Caixa”. A alcunha apareceu em um diálogo de WhatsApp, em fevereiro de 2025, entre o suposto responsável pelo fluxo financeiro interno do esquema, Adelino Rodrigues Júnior, e do sócio do “Careca do INSS”, Domingos Sávio. “Somos sócios (de Hélio e Heitor)”, disse Domingos. 

Logo depois de assumir a diretoria-executiva da Caixa Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, em abril de 2024, Heitor teria pedido um adiantamento de R$ 20 mil a Adelino em razão de sua “autorização para o cargo de diretor”. Em junho, relatou a PF, o então diretor-executivo da Caixa Distribuidora teria recebido mais de R$ 10 mil do parceiro. 

A PF ainda viu suspeitas na relação entre Heitor e Milton de Almeida Júnior, um dos sócios das empresas do “Careca do INSS”. A investigação citou um episódio em que o ex-diretor-executivo da Caixa teria pedido a Milton para pagar algo e, no dia seguinte, recebeu R$ 15 mil. “Solicitou um pouco mais de R$ 7 mil e disse que tal valor poderia ser descontado no pagamento”, afirmou.

A PF pediu a Mendonça o afastamento cautelar de Heitor de suas atuais funções na Caixa Econômica Federal e o monitoramento eletrônico do ex-diretor-executivo. A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou, “a fim de resguardar a moralidade administrativa e impedir interferências no ambiente institucional”, e o ministro atendeu.

A O TEMPO Brasília, a Caixa pontuou que Heitor deixou a diretoria-executiva ainda em novembro de 2024. “A Caixa atua conjuntamente com os órgãos de segurança pública nas investigações e operações que envolvem a instituição. Tais informações são consideradas sigilosas e repassadas exclusivamente às autoridades competentes para análise e investigação”, acrescentou.

A nova etapa da “Operação Sem Desconto” provocou a prisão do até então secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo Portal, e buscas e apreensão na casa do vice-líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado, Weverton Rocha (PDT-MA), em Brasília (DF). Antes de assumir o cargo, Adroaldo foi chefe de gabinete de Weverton.

Fonte: O Tempo

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