O primeiro mês de vigência do tarifaço implementado por Donald Trump às exportações brasileiras apresenta um saldo negativo ao setor de cafés especiais e solúvel. As vendas dos produtos aos Estados Unidos despencaram, conforme dados divulgados pelos setores nesta segunda-feira (15/9). O principal impacto se deu para os grãos especiais, com quedas de 79,5% na comparação com agosto de 2024 e 69,6% em relação a julho deste ano.
Já para o café solúvel, a redução foi de 59,9% em comparação ao ano passado e de 50,1% no paralelo com os dados de julho. As quedas seguem um panorama geral para a cafeicultura brasileira. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que as exportações do produto aos EUA caíram 17,5% em agosto. A presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Carmem Lucia Chaves de Brito, diz que o setor tem enfrentado suspensões, cancelamentos e adiamentos de contratos que estavam já assinados por importadores norte-americanos.
“Uma vez que a taxação de 50% sobre os cafés especiais brasileiros torna praticamente inviável a realização desses negócios, devido aos preços extremamente elevados, o que justifica essa queda expressiva no desempenho das exportações aos Estados Unidos", argumenta. Apesar da queda, os Estados Unidos ainda lideram os rankings mensais de importadores do café especial brasileiro.
"Se o tarifaço permanecer, a tendência é que os Estados Unidos diminuam, cada vez mais, as importações dos cafés especiais brasileiros e saiam, inclusive, da liderança entre os principais parceiros comerciais do produto no acumulado do ano. Os negócios que são computados foram realizados nos meses anteriores e ainda podem ser entregues em solo americano, com taxação de 'apenas' 10% — a primeira anunciada pelos EUA, em abril —, até o próximo dia 5 de outubro", complementa.
Já o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), Aguinaldo Lima, ressaltou a magnitude dos prejuízos no primeiro mês de tarifaço e citou que a taxa de 50% inviabiliza o comércio com os americanos. “Essa queda brusca é muito preocupante e frustra a expectativa que tínhamos de quebrar novo recorde nas exportações de café solúvel em 2025, superando os 4,093 milhões de sacas do ano passado. Precisamos abrir canais para que alcancemos uma solução que devolva um fluxo de negócios justo na relação cafeeira entre Brasil e Estados Unidos”, argumentou.
Fonte: O Tempo