Policiais militares e civis apreendem produtos considerados fora de qualidade para o consumo e que estavam à venda no estabelecimento (Foto/Divulgação)
Os irmãos comerciantes, de 33 e 34 anos, donos de três conhecidos açougues em Uberaba, foram presos em flagrante por suspeita de receptação de gado furtado, por terem em depósito, para a venda, alimentos impróprios ao consumo humano e outros supostos crimes que já estão sendo investigados. As prisões aconteceram em um dos açougues dos irmãos, na avenida Bandeirantes, bairro Gameleiras, na terça-feira (30), e durante operação envolvendo vários órgãos. Durante a operação, foi apreendida mais de uma tonelada de alimentos impróprios para o consumo.
De acordo com que apurou o Jornal da Manhã, investigadores da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Rurais do 5º Departamento de Polícia Civil, chefiados pelo delegado PC Tiago Cruz, e Patrulha Rural do 67º BPM, foram acionados pela Vigilância Sanitária de Uberaba para auxiliarem em fiscalização de açougue no bairro Gameleiras, onde poderia haver carnes de origem ilícita.
Os policiais se deslocaram para o local e, em seguida, acionaram o Ministério Público Estadual (Procon Estadual), o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a Receita Estadual. Depois, acionaram também a Perícia Técnica da Polícia Civil.
Foram os fiscais da Vigilância Sanitária e os peritos criminais da Polícia Civil que constataram a existência de cerca de uma tonelada de alimentos impróprios para o consumo humano. Fiscais da Receita Estadual realizaram seus trabalhos e encontraram indícios de sonegação fiscal.
Também foi verificado que um caminhão de frigorífico que fornecia carne ao açougue estava com licenciamento vencido, ano de 2020, sendo que o local em que transportava as carnes era impróprio para a condução da mercadoria, e não possuía notas fiscais das carnes. O caminhão foi apreendido e pertence a um frigorífico cujo dono foi preso recentemente por receptação de óleo diesel furtado da VLI.
Vigilância Sanitária localiza até ratos e baratas entre os alimentos
A fiscalização da Vigilância Sanitária constatou inúmeras irregularidades, entre elas a existência de animais roedores (ratos) e insetos, como baratas, nos alimentos que se encontravam acondicionados. Diversos alimentos (proteínas bovinas, suínas, frangos, linguiças, entre outros) congelados que deveriam estar na condição de “resfriados” e que se encontravam também com a data de validade vencida.
Segundo informações, as carnes acondicionadas também estavam em local impróprio, bem como foram manuseadas em local diverso do endereço no qual foi realizada a operação policial em parceria com a Vigilância Sanitária.
Também foram encontradas bebidas, como aguardente, com rótulo que continha dados quanto ao fabricante (endereço, informação nutricional, razão social) diferentes do que consta o número do CNPJ.
Os fiscais sanitários ainda encontraram no local recipientes contendo produtos como Nitrito e Nitrato sem controle quanto ao manuseio e utilização. Esses produtos são aditivos alimentares utilizados em produtos cárneos por contribuírem para a fixação da cor avermelhada da carne curada, havendo ressalva quanto à sua utilização e ao consumo humano.
Foi contatado também que no local da fiscalização produziam carne seca, salgadas, bem como banha suína. No piso do estabelecimento havia líquido sanguinolento mau cheiroso, resultado do descongelamento, ou seja, chorume, atestando naturalmente o descongelamento de carnes e a condição imprópria para o consumo humano.
Foi localizada pelos fiscais uma balança digital, com impressora acoplada, na qual produziam etiquetas com número do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) de outro estabelecimento.
Diante de tantas irregularidades, um veterinário da Prefeitura de Uberaba esteve no local e interditou o açougue. Os dois irmãos, donos do estabelecimento e de outros dois, receberam voz de prisão em flagrante e foram levados para o plantão da Polícia Civil. Após serem autuados por terem em depósito, para a venda, alimentos impróprios ao consumo humano, foram encaminhados à penitenciária de Uberaba, onde se encontram à disposição do Poder Judiciário.